No documento, enviado nesta sexta-feira (7), a associação destaca que a crise hídrica fez com que alguns produtores perdessem o que já haviam plantado, sendo necessário realizar a ressemeadura. O ofício também reforça a preocupação com a comunicação institucional e solicita que o Mapa, juntamente com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), revisem as estimativas oficiais da safra, a fim de refletir com maior precisão a atual situação climática e produtiva do estado.
Além das informações diretas dos produtores rurais que estão sofrendo com as condições climáticas, o ofício se sustenta nos dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que apontou um desvio de precipitação acumulado de setembro a outubro de 2025 comparado à série histórica de 26 anos. O volume de precipitação acumulado destaca níveis inferiores à média histórica do estado de Mato Grosso. Os dados também apontam que a evolução da semeadura perdeu força nos últimos dias e já se encontra abaixo da média dos últimos cinco anos.
A Aprosoja MT explica no documento que uma ampla semeadura não significa uma lavoura saudável e afirma que a falta de chuva causou germinação irregular, crescimento lento, falhas de estande, risco de replantio, fragilidade das lavouras e outros problemas decorrentes das altas temperaturas.
Os produtores rurais de cada região avaliaram como estão as lavouras neste momento crítico.
O vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier, produtor na região leste, destacou que a falta de chuvas tem impactado diretamente o trabalho dos agricultores. Segundo ele, desde o início do plantio, as precipitações têm ocorrido de forma irregular, e a situação se agravou nas últimas semanas, levando muitos produtores a refazer parte das áreas já semeadas.
“A deficiência hídrica é notória, ainda não é possível contabilizar os prejuízos financeiros, mas sabemos que teremos algum prejuízo. Nós temos recebido relatos de produtores aqui da região que tiveram que realizar o replantio. É uma situação atípica para o começo do mês de novembro, em que não temos ainda chuvas estabelecidas e um índice pluviométrico extremamente baixo”, disse Luiz Pedro Bier.
Também na região leste, o conselheiro consultivo da entidade e produtor Endrigo Dalcin afirmou que perdeu pelo menos 10% do que já havia plantado devido à irregularidade da chuva na região. Ele avalia se vai replantar ou deixar a produtividade baixa, pois o replantio nesta área comprometeria a janela para o plantio do milho. “O replantio das primeiras sojas plantadas lá no dia 13 e 14 de outubro ainda vai ser avaliado, não sei a quantidade ainda, mas acredito que cerca de 10% da área plantada deve precisar de replantio”, afirmou.
Na região Norte de Mato Grosso, o produtor Adalberto Grando, delegado do Núcleo de Sorriso, relatou que há mais de 15 dias não chove, o que já compromete parte das lavouras. Ele tem utilizado irrigação com pivô para tentar preservar a semeadura realizada no início de outubro e reduzir as perdas provocadas pela estiagem. Apesar de ainda não ter mensurado o prejuízo total, o produtor afirmou que as expectativas são baixas e que a receita da propriedade já está comprometida.
“A perspectiva para a próxima safra é bem complicada, porque teremos uma redução na produtividade da soja e na área de milho da segunda safra. No final de 2026, a receita vai ficar muito abaixo do que esperávamos no início de setembro, quando tínhamos uma previsão de chuva normal no mês de outubro. A falta dessa chuva comprometeu toda a nossa safra”, lamentou Adalberto Grando.
Assim como nas demais regiões, o oeste de Mato Grosso também sofre com a crise hídrica no início do plantio. Segundo o vice-presidente Oeste da Aprosoja MT, Gilson Antunes de Melo, haverá queda na produtividade, já que a soja não está se desenvolvendo adequadamente. O agricultor descreveu o momento como “preocupante”.
“O produtor começou a safra em condições muito desfavoráveis, com lavouras mal nascidas e mal implantadas. Sabemos que isso, lá na frente, resulta em perda de produtividade. É uma situação preocupante, porque estamos em um ano sem margem, e já começamos com uma lavoura que provavelmente terá queda de produtividade”, disse.
O vice-presidente Sul da Aprosoja MT, Fernando Ferri, avaliou que há mais de dez dias não chove na região, o que já resulta em baixa produtividade nas propriedades, com falhas de estande e soja apresentando baixo desenvolvimento.
“A maior preocupação é ter uma produtividade menor do que a esperada, com preços iguais ou até piores que os da safra passada. Isso tem limitado um pouco as expectativas de produção, uma vez que os custos estão se mantendo em níveis altos e a rentabilidade é cada vez menor”, avaliou Fernando Ferri.
A Aprosoja MT segue acompanhando a evolução do plantio da safra 25/26 em Mato Grosso e reforça a necessidade de créditos compatíveis com as dificuldades enfrentadas pelos agricultores frente às crises climáticas.
Fonte: Olhar Direto






