VocĂȘ jĂĄ ouviu falar do transtorno de jogo pela internet? Esse tipo de distĂșrbio acarreta prejuĂzos emocionais e sociais, atinge principalmente adolescentes e pode afetar o seu desenvolvimento. E nĂŁo Ă© um problema pequeno: o Instituto de Psicologia da Universidade de SĂŁo Paulo (IP/USP) realizou uma pesquisa sobre o assunto e descobriu que quase 30% dos adolescentes brasileiros se encaixam nos padrĂ”es desse transtorno. As informaçÔes sĂŁo da AgĂȘncia Einstein.
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O estudo foi realizado pela psicĂłloga Luiza Chagas BrandĂŁo,
doutora em psicologia clĂnica e especialista no atendimento de crianças e
adolescentes, que decidiu pesquisar o tema justamente por perceber um aumento no
nĂșmero de pais buscando apoio psicolĂłgica para seus filhos envolvendo casos do
tipo. âPercebi que entre os vĂĄrios motivos para buscar ajuda, a queixa sobre o
fenĂŽmeno videogame sempre aparecia de alguma maneiraâ, conta a especialista.
De acordo com Luiza, o uso excessivo de jogos Ă© caracterizado
quando começa a causar desequilĂbrios e impactar na vida do jovem, como quando
ele não quer mais sair de casa, começa a ir mal na escola, passa a ter
distĂșrbios do sono, irritabilidade, sintomas emocionais, entre outros. A
pesquisadora levanta hipĂłteses para tentar explicar esse fenĂŽmeno: Â o cenĂĄrio de violĂȘncia ao que o adolescente
pode estar exposto nos encontros presenciais e a falta de opçÔes de lazer e de esportes
para que os jovens se ocupem.
âFaz parte do desenvolvimento dos adolescentes estar com os
amigos, diminuir a relação hierårquica e passar a ter relação com pares. Com o
aumento da violĂȘncia, os pais acham que o adolescente estĂĄ mais seguro dentro
de casa. E como não tem opçÔes de lazer, o videogame acaba cumprindo esse papel
de conectar os jovens. Antigamente Ăamos para a lanchonete. Hoje jogamos
videogame onlineâ, explica Luiza.
O tratamento do uso problemĂĄtico de jogos vai depender de cada
caso, mas em geral envolve terapia cognitivo comportamental. âAinda Ă© muito
incipiente o que existe de tratamento para o transtorno. De maneira geral,
prevenir Ă© melhor do que remediar. Os pais precisam entender que o videogame Ă©
uma årea de lazer que precisa ter limites para que o uso não ganhe proporçÔes
problemĂĄticas lĂĄ na frenteâ, finalizou Luiza.
Como a pesquisa foi realizada
A pesquisa usou os dados do #Tamojunto
2.0, um programa do MinistĂ©rio da SaĂșde voltado para a prevenção do uso de
drogas e ĂĄlcool entre estudantes de escolas pĂșblicas. Adaptado a partir do
modelo europeu de prevenção ao uso de drogas, o programa foi testado no Brasil por
meio de um ensaio controlado realizado em 2019 em trĂȘs cidades com mais de 5
mil alunos entre 12 e 14 anos, dos quais quase 4 mil responderam à seção do
questionĂĄrio que se referia aos seus hĂĄbitos com o videogame.
Essa parte foi adaptada da descrição do transtorno de jogo pela internet
como aparece no DSM (Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders, o manual de diagnĂłsticos de
transtornos mentais) e incluĂa nove questĂ”es para responder âsimâ ou ânĂŁoâ.
Quem respondesse âsimâ a pelo menos cinco delas se enquadraria na categoria de
uso problemĂĄtico dos videogames: ao todo, 28,1% dos jovens que afirmaram jogar
videogame se encaixaram nesse padrĂŁo.
Luiza ainda fez mais um desdobramento nas questÔes, perguntando se
o adolescente jĂĄ jogou para esquecer ou aliviar problemas da vida real. Ao
todo, 57% dos adolescentes disseram que sim. âOs resultados me surpreenderam
muito. Ter quase 3 em cada 10 adolescentes brasileiros fazendo uso problemĂĄtico
do videogame Ă© preocupanteâ, afirma Luiza, citando ainda que uma revisĂŁo de
estudos sobre jogos eletrĂŽnicos na AmĂ©rica Latina apontou o Brasil como o paĂs
mais problemĂĄtico.
Fonte: semprefamilia.com.br