Duas pessoas — uma criança de quatro anos e uma profissional de saúde de 29 — testaram positivo para sarampo na cidade de Campos Limpos, no Tocantins. Ambas não estavam vacinadas e apresentaram sintomas clássicos da doença. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a criança teve contato com pessoas vindas da Bolívia, país que enfrenta um surto da enfermidade. Ambas se recuperam em casa.
Ainda sob investigação, as amostras foram encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para confirmação laboratorial definitiva. Enquanto isso, o Ministério da Saúde deslocou uma equipe técnica para apoiar o estado nas medidas de contenção, como isolamento de contatos, monitoramento de casos suspeitos e reforço na vacinação.
Investigação e vigilância
Com a eventual confirmação dos casos, o Brasil somará sete registros de sarampo em 2025, somando-se a ocorrências já identificadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Mesmo assim, o país mantém o status de área livre da transmissão endêmica da doença, certificado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2023.
Segundo Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), o Brasil já havia perdido esse selo em 2019 após surtos vindos da Venezuela. A especialista alerta que o reforço vacinal em áreas de fronteira é essencial para manter o controle epidemiológico.
Panorama nas Américas
Em 2025, a Região das Américas já registrou 7.132 casos confirmados de sarampo. Desses, 60 foram na Bolívia e cinco no Brasil. Os maiores números se concentram nos Estados Unidos (1.227) e México (2.597). Até o momento, 13 mortes foram atribuídas à doença, sendo nove no México.
Apesar do risco de disseminação internacional, não há exigência de vacinação contra sarampo para viagens. “Isso representa um risco real, pois pessoas não vacinadas podem retornar infectadas e iniciar cadeias de transmissão localmente”, alerta Levi.
Vacinação: essencial e segura
Levi reforça que todos devem buscar a imunização com a tríplice viral, mesmo sem certeza sobre doses anteriores. “Se a pessoa já tiver sido vacinada, uma nova dose não causa danos — os anticorpos existentes apenas neutralizam o vírus atenuado da vacina”, afirma.
O esquema recomendado é de duas doses até os 29 anos e uma dose entre os 30 e 59. Em crianças, as doses são aplicadas aos 12 e 15 meses.
Cobertura abaixo do ideal
A cobertura vacinal no Brasil ainda está aquém do ideal de 95%. Este ano, 91,74% das crianças receberam a primeira dose, mas apenas 72,74% completaram o esquema. No Tocantins, os índices são ainda menores: 86% na primeira e apenas 55% na segunda dose.
Segundo o governo estadual, todas as salas de vacinação — mais de 300 — estão abastecidas, e o Ministério da Saúde assegura que não há falta de vacinas em nenhuma região do país.
Fonte: cenariomt