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Agronegócio

Ucrânia fecha acordo para exportar grãos pelos portos da Croácia: uma nova rota de comércio emerge

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A Ucrânia e a Croácia fecharam um acordo para que portos croatas no Danúbio e no Mar Adriático sejam usados para a exportação de grãos ucranianos, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, após conversas com seu par croata nesta segunda-feira (31).

No dia 17 de julho, a Rússia anunciou que suspenderia sua participação no acordo de exportação de grãos do Mar Negro.

O anúncio preocupou a comunidade global, uma vez que a Ucrânia é um dos principais exportadores de grãos do mundo. O isolamento ucraniano do comércio não ameaça somente o preço dos produtos mas principalmente milhões de vidas que dependem desses insumos.

O acordo, negociado pela ONU e pela Turquia em julho de 2022, visava aliviar uma crise global de alimentos, permitindo que os grãos ucranianos bloqueados pelo conflito Rússia-Ucrânia fossem exportados com segurança.

O tratado já havia sido renovado anteriormente, contudo a Rússia alegava há meses que as condições para sua extensão não haviam sido cumpridas.

“Infelizmente, a parte desses acordos do Mar Negro em relação à Rússia não foi implementada até agora, então seu efeito foi encerrado”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.

Ainda no dia 17, após o anúncio do governo russo, os contratos futuros de trigo na Bolsa de Comércio de Chicago saltaram 2,7%, para US$ 6,80 o alqueire, e os contratos futuros de milho subiram 0,94%, para US$ 5,11 o alqueire, pois os comerciantes temiam uma iminente crise de oferta dos alimentos básicos.

Mas o impacto vai além dos preços. A Ucrânia está entre os três maiores exportadores mundiais de cevada, milho e óleo de colza, aponta a Gro Intelligence, uma empresa de dados agrícolas.

Segundo dados das Nações Unidas, o país é também, de longe, o maior exportador de óleo de girassol, respondendo por 46% das exportações mundiais.

No ano passado, os choques econômicos que incluíram os impactos da guerra na Ucrânia e da pandemia foram os principais motivos da “insegurança alimentar aguda” em 27 países, afetando quase 84 milhões de pessoas, segundo relatório da Food Security Information Network, um banco de dados financiado pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

O Comitê Internacional de Resgate (IRC) disse em novembro que o colapso do acordo “atingiria mais aqueles que estão à beira da fome”.

O alerta veio depois que Moscou suspendeu sua participação no pacto por vários dias após ataques de drones em Sevastopol, uma cidade portuária na Crimeia controlada pela Rússia.

No dia 21 de julho, em reunião do Conselho de Segurança da ONU, o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a retirada da Rússia do acordo de grãos do Mar Negro “ameaça potencialmente a situação da fome no mundo e a vida de milhões de pessoas”.

Impacto no Brasil

Em entrevista exclusiva para a CNN, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou que o Brasil ainda depende da importação de trigo da Ucrânia.

“Não somos autossuficientes. Exportamos um pouco, compramos um pouco mais. Então, o balanço é que o Brasil ainda depende de 5,5 milhões de toneladas de trigo [da Ucrânia]”, afirmou o ministro no dia 19 de julho.

De acordo com Fávaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está empenhado na busca por um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia.

Para o economista e especialista em gestão de negócios, Ricardo Mello, a perspectiva não é positiva. Além dos preços, a dependência do Brasil pelos insumos ucranianos pode afetar a postura do Banco Central em relação à taxa de juros.

“Tivemos uma inflação de alimentos importante em 2022”, afirmou o economista à CNN. Mello reforçou que com a elevação do preço das commodities, a tendência é de um impacto direto na inflação brasileira.

Fonte: portaldoagronegocio

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