Com a recente alta de 25 pontos percentuais na taxa Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a renda fixa continua a atrair a atenção dos investidores, oferecendo rendimentos atrativos. O Tesouro Direto apresenta diversas alternativas que atendem a diferentes perfis e objetivos de investimento. Neste contexto de aumento da Selic, a dúvida que se impõe é: vale mais a pena optar pelo Tesouro Selic ou pelo Tesouro IPCA+?
Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, destaca que a principal consideração não deve ser apenas a rentabilidade, mas também o horizonte de investimento de cada pessoa. “O Tesouro Selic é adequado para aplicações de curto prazo, com vencimentos que vão até 2027 e 2029 e liquidez diária. Em contrapartida, o Tesouro IPCA+ possui vencimentos que se estendem até 2065, sendo mais indicado para investimentos a longo prazo”, explica.
Kist salienta que o Tesouro Selic é ideal para reservas de emergência, oportunidades imediatas ou investimentos de curto prazo. Para investidores mais arrojados, ele pode funcionar como margem de garantia em operações na Bolsa de Valores. “Atualmente, a rentabilidade está fixada em 10,75%, acompanhando as decisões de política monetária”, acrescenta.
Grazzielle Feilstrecker, também especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, observa que o Tesouro Selic tem se destacado recentemente devido à sua relação direta com a taxa Selic elevada. “Esse título se beneficia da taxa atual de 10,75% ao ano, resultando em um rendimento superior. Em contraste, o Tesouro IPCA+, atrelado à inflação, teve desempenho inferior, pois a inflação se manteve controlada em torno de 4,5% nos últimos 12 meses”, aponta.
Feilstrecker argumenta que, para necessidades de curto prazo, o Tesouro Selic é a melhor opção, proporcionando segurança e liquidez em um ambiente de juros altos. Por outro lado, para aqueles com horizonte de médio a longo prazo, o Tesouro IPCA+ é mais indicado, pois oferece proteção contra a inflação e ajuda a preservar o poder de compra no futuro.
Kist também ressalta o histórico inflacionário do Brasil e a volatilidade provocada por fatores externos, como a dependência do país em commodities e a variação do dólar. “Após a pandemia, a inflação acumulou 10,06% em 2021, enquanto o Tesouro Selic oferecia apenas 2% ao ano. Nesse cenário, um investidor com um título IPCA+6% teria uma rentabilidade em torno de 16%. Apesar de uma rentabilidade de 10% ser considerada boa em comparação à Selic, o investidor poderia perder poder de compra devido à inflação”, esclarece.
Ela enfatiza ainda a natureza defensiva dos títulos indexados à inflação para carteiras de longo prazo, sendo vantajosos em planos de previdência e aposentadoria. “Nos últimos 10 anos, apenas 10% do tempo tivemos títulos com taxas acima de 6% atreladas ao IPCA, o que torna o atual momento favorável para essa proteção no portfólio”, afirma.
Contudo, Kist alerta para o cuidado necessário com títulos de longo prazo. “Se um investidor precisar resgatar o título antes do vencimento, pode enfrentar deságio, dependendo das condições do mercado”, conclui.
Fonte: portaldoagronegocio