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Agronegócio

Tecnoshow Comigo 2023: Dinâmicas de Pecuária Exploradas por Palestras sobre Piscicultura

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Três palestras abriram a agenda das dinâmicas de pecuária dentro da Tecnoshow Comigo 2023. Os engenheiros de pesca Evandro Moro e Romulo Fiorucci, além do zootecnista Alexandre Wakatsuki conversaram com os participantes sobre uso de aeradores, biorremediação em tanques de produção e sobre produção de tilápias em tanques escavados. O tema é importante, porque o Brasil é hoje o quarto maior produtor mundial de tilápia, por exemplo. O peixe mais produzido em Goiás também é a tilápia, com 21,5 mil toneladas produzidas em 2022. O maior produtor goiano é o município de Niquelândia.

O Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) de 2022 mostrou crescimento de 2,3% na produção nacional de peixes de cultivo, alcançando mais de 860 mil toneladas em comparação com o ano anterior. Em Goiás também houve recuperação no mesmo período. O crescimento foi de quase 3%, saindo de 29,7 mil toneladas em 2021 para 30,5 mil toneladas em 2022.

O engenheiro de pesca paranaense Evandro Moro abordou um tema de extrema importância para reduzir a mortalidade de peixes em criatórios: os aeradores. O equipamento tem a função básica de aumentar a quantidade de oxigênio na água por meio da movimentação do líquido. Atualmente, existem três tipos principais: pás, chafariz e separador ou difusor.

“Aerador é um equipamento cujo foco principal é a incorporação de oxigênio no viveiro. Outra função é melhorar a qualidade de água do ambiente”, afirma Evandro. Atualmente, a principal novidade é a automação do equipamento, com o acoplamento às sondas de oxigênio. Dessa forma, ao detectar o baixo índice de oxigênio no viveiro, o aerador é automaticamente acionado.

O ideal é que a medição do nível de oxigênio seja feita diariamente, mas devido aos altos custos do oxímetro, nem sempre é possível. Por isso, a dica de ouro de Evandro para os piscicultores é o acompanhamento profissional. Isso porque o dimensionamento permite conhecer o ambiente, a profundidade. 

“Para fazer o dimensionamento é preciso calcular e conhecer o ambiente, a profundidade, o tipo de peixe que será criado. É sempre importante buscar um profissional para que possa fazer o dimensionamento da propriedade para indicar o tipo de aerador mais correto para ser utilizado”, explica o engenheiro.

Outro ponto importante é chamado desestratificação do ambiente, que é a uniformização das camadas térmicas dentro do viveiro. Assim, é possível ter um ambiente mais controlado, em que o peixe consegue ter conforto térmico em qualquer uma das camadas criadas pela profundidade do viveiro. 

Os aeradores, somados ao controle de temperatura, se tornam ainda mais eficazes. “A movimentação causada pelo aerador, junto com a troca e a reposição de água, fornecem boa qualidade e oxigenação na água em todo o viveiro, ao longo de todo o ciclo”, ressalta Evandro. E ele finaliza, com a noção básica: “baixo nível de oxigênio, a mortalidade é certa!”.

Biorremediação

Engenheiro de pesca, Romulo Fiorucci conversou com os visitantes sobre utilização de biorremediação em piscicultura. Ele explica o que é a biorremediação, que busca ferramentas tecnológicas que visam eficiência e melhoria na qualidade da água. Ele explicou que biorremediadores têm a capacidade de diminuir substâncias prejudiciais oriundas do excremento dos animais aquáticos e também desenvolvem substâncias que auxiliam no desenvolvimento dos animais. Estes recursos buscam promover melhor aproveitamento dos nutrientes e o bem-estar dos animais baseado no tripé: nutrição, saúde e qualidade da água.

Fiorucci detalha que a biorremediação proporciona condições ideais para que os microrganismos consigam transformar ou decompor os contaminantes da água. Na explicação, o engenheiro reforça que na aquicultura, produtos biorremediadores que usam micro-organismos vivos para estas finalidades são chamados de probióticos. “Os microorganismos mais utilizados não aquicultura são bactérias do gênero Bacillus, bactérias ácido láticas do gênero Lactobacillus e leveduras Saccharomyces.”

O engenheiro de pesca diz que a biorremediação promove a melhoria na degradação da matéria orgânica, aumento da remoção de compostos nitrogenados tóxicos e aumento da resposta imune dos animais. Entre os principais desafios, ele cita rações de baixa qualidade, baixa qualidade da água, efluentes totalmente carregados no momento da despesca parcial ou final, alta produção de matéria orgânica que acaba produzindo odores indesejados. “A biorremediação promove a redução no teor dos compostos nitrogenados, incrementa o desempenho zootécnico, além da modulação do sistema imune.” 

Entre os resultados possíveis de serem atingidos por controle ambiental, Fiorucci lista redução no custo de energia de bombeamento, melhora na taxa de oxigenação (o que provoca bem-estar animal), menor custo de limpeza dos viveiros, menor custo com sal ou medicamentos, maior ganho de peso e menor tempo de cultivo. 

Comercialização e regulamentação

Em relação ao clima do estado de Goiás, os palestrantes são unânimes: ele é excelente para a criação de tilápia. Isso porque é um peixe tropical, que gosta de clima quente. Além disso, os peixes têm a regulação que depende da temperatura da água. Então quanto mais frio, menos ele come e menos ele cresce. Já com as tilápias no Cerrado, é o oposto: “Aqui, ele vai crescer 100% o ano inteiro”, explica o zootecnista Alexandre Wakatsuki.

Ou seja: com variações de temperaturas menores e invernos pouco rígidos, a criação de tilápias é possível ao longo de todo o ano. “Além disso, é possível produzir espécies nativas, como o tambaqui e o pacu. Nas regiões mais ao sul, por exemplo, é preciso ter criações híbridas, para compensar durante diferentes períodos do ano”, complementa o engenheiro de pesca Evandro Moro.

Apesar desta facilidade em relação ao clima, Wakatsuki tece fortes críticas ao processo de regulamentação da piscicultura no estado. Que é um entrave. Ainda estamos engatinhando. Nosso potencial é de ser o maior produtor de tilápia do planeta. Mas ele explica que esta é uma questão histórica e Goiás não é exceção, pois o cenário se repete em outros locais.

“É preciso facilitar, deixar que as pessoas sejam 100% regulamentadas para que, quem não tem dinheiro para investir no capital, consiga recursos no banco. Se não tem regularmente, não é possível conseguir recurso financeiro. É praticamente impossível que todos os órgãos aprovem ao mesmo tempo, sempre há algum problema. É um processo moroso”, afirma Wakatsuki.

Outra dificuldade para o crescimento da cultura é o processo de comercialização. “Não temos uma planta processadora forte, dentro do estado. Então temos que mandar peixe para fora, vem tributação e fica menos competitivo em relação aos outros locais”, reitera. Por isso, ele explica que, para quem tem interesse em iniciar na área, o melhor é fazer o caminho inverso: primeiro, encontra-se o mercado que vai adquirir os peixes. Depois é que se inicia a produção, de fato. Sem isso, corre-se o risco de cair em prejuízos.

Fonte: portaldoagronegocio

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