O desejo da família Faiolla de ter um silo de grãos na propriedade, em Astorga, no Norte do Paraná, contou com um empurrão do Programa Empreendedor Rural (PER), do Sistema FAEP/SENAR-PR. No curso em 2017, Cristiane Alexandra Faiolla propôs como projeto de conclusão a edificação de uma estrutura de armazenagem. Mesmo com os obstáculos da pandemia e aumento nos preços dos materiais de construção, em 2022, a família, que está na quarta geração de produtores, guardou sua primeira safra no silo próprio.
“Sempre tivemos essa vontade de não ficar refém das cooperativas e cerealistas, acabar com a tensão das filas para entregar na hora da colheita. Depender de terceiros impõe uma série de empecilhos”, aponta Cristiane. “Com o silo, dá para guardar o produto e vender no momento no qual o preço está melhor”, destaca.
O envolvimento de Cristiane nos negócios agropecuários da família, no entanto, foi relativamente tardio. Apesar de ter contato com a área agrícola, a moça sempre foi incentivada pela família a ir para outra área. Estudou administração e foi funcionária na prefeitura local por 15 anos. O ponto de virada foi quando engravidou do segundo filho e resolveu ajudar o pai na propriedade rural.
Ao deixar a burocracia do poder público para ir à rotina no campo, Cristiane sentiu a necessidade de se especializar. Aluna antiga do SENAR-PR, a produtora rural já fez outros seis cursos, em áreas como operação de máquinas, classificação de grãos e armazenista.
Entre tantas capacitações, o PER permitiu colocar no papel um projeto que sempre esteve no imaginário da família. Desde o bisavô que veio da Itália e comprou um pedaço de terra, a ideia já existia, passando de geração em geração até chegar em Cristiane e nos irmãos Welington e Wilhan, que também atuam na propriedade. “Eu sempre vi meu pai, na época de safra, naquela correria na hora de entregar os grãos. Por isso, resolvi colocar no papel o projeto de construir a estrutura”, reforça.
O investimento de R$ 4,5 milhões para construir o silo ocorreu por meio de crédito agrícola. A capacidade estática da estrutura é para 100 mil sacas, ou seja, 6 mil toneladas. Boa parte desse espaço será ocupada pela produção da família, que cultiva 680 hectares com grãos. O restante é para atender clientes externos com o passar do tempo e gerar uma renda extra.
“Estamos na primeira safra e está sendo uma loucura. Quando começamos a colocar os grãos, alguns motores começaram a dar problema e foi preciso fazer várias adaptações. O pessoal que tem silo diz que esse começo é assim mesmo, tumultuado, pois são muitos detalhes. Mas estamos satisfeitos por concretizarmos esse sonho”, celebra Cristiane.
Os mais de 200 cursos do SENAR-PR estão disponíveis para produtores e trabalhadores rurais do Paraná, de forma gratuita e com certificado. Basta acessar o site da entidade (sistemafaep.org.br) e fazer a inscrição.
Faltam projetos para silos no Paraná
Historicamente, o Brasil convive com problemas envolvendo armazenagem de grãos. Em anos de safra recorde, são comuns imagens de silos bag improvisados em diversos Estados, inclusive no Paraná. Nesse contexto, chama atenção o fato de que sobra dinheiro no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).
O PCA integra os recursos disponibilizados nos anos safra no chamado Plano Agrícola e Pecuário (PAP). No período de julho de 2021 a junho de 2022, por exemplo, o PCA disponibilizou R$ 4,1 bilhões aos produtores rurais. Porém foram contratados apenas R$ 1,6 bilhão. O Paraná liderou a demanda por esses recursos consumindo R$ 367,2 milhões, 22% do total liberado no país.
Fonte: portaldoagronegocio