A seca prolongada e as altas temperaturas que marcaram 2024 trouxeram desafios significativos para as lavouras de café no Brasil, maior produtor e exportador mundial da commodity. O impacto das condições climáticas adversas já se reflete nos preços do grão, que superaram a marca histórica de R$ 2.000 por saca, enquanto o mercado internacional antecipa uma oferta reduzida em 2025.
A florada das plantações, um momento crucial para a definição da safra, foi severamente comprometida pela escassez de chuvas e pelo déficit hídrico nas principais regiões cafeeiras do país. Embora algumas áreas tenham registrado florescimento satisfatório, as condições climáticas desfavoráveis e o baixo enfolhamento das plantas resultaram em um baixo pegamento das flores, ou seja, muitas flores não se transformaram em frutos.
“O cenário é crítico e acende um alerta para toda a cadeia produtiva”, alerta Rafael Stefani, produtor de café em Ribeirão Corrente, São Paulo. “A percepção global é de que o Brasil terá dificuldades para atender à demanda no próximo ano, o que impulsionou os preços no mercado internacional.”
Marcelo Jordão, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, reforça que os efeitos da seca serão ainda mais evidentes nos primeiros meses de 2025, quando o impacto real na produtividade será confirmado. “O déficit hídrico e as altas temperaturas afetaram o enfolhamento das plantas, essencial para o desenvolvimento dos frutos. Apesar da abertura das flores, muitas não vingaram, comprometendo significativamente a safra.”
Impactos no Mercado e no Consumidor
A alta nos preços do café não afeta apenas os produtores, mas também reverbera em toda a cadeia produtiva. Exportadores e torrefadores já estão revisando suas estratégias diante da volatilidade do mercado e da incerteza climática. O consumidor final, por sua vez, começará a sentir os efeitos no bolso, com aumentos nos preços de produtos derivados do café já sendo observados nas prateleiras.
Com o futuro da safra 2025 ainda incerto, o Brasil enfrenta um dos maiores desafios recentes em sua produção de café, o que destaca a necessidade de adaptação do setor às mudanças climáticas e à imprevisibilidade do mercado global.
Fonte: portaldoagronegocio