A safra de feijão no Paraná tem mostrado sinais de crescimento acima das previsões iniciais da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB-PR). A área plantada pode superar os 150 mil hectares, indicando que este será o maior cultivo da leguminosa nos últimos cinco anos. O custo de produção da safra está estimado em R$ 184 por hectare, com uma expectativa de 30 sacas por hectare.
Até o momento, o clima tem sido favorável às lavouras do estado, o que eleva a expectativa de produtividade para até 40 sacas por hectare entre os produtores mais cuidadosos. Com isso, o custo de produção poderia cair para menos de R$ 140 por saca, conforme estimativas da SEAB. Contudo, uma dúvida surge em relação à consistência da exportação brasileira de feijão-preto. Se a combinação de exportações, a quebra da segunda safra do Paraná e o consumo interno foram suficientes para elevar os preços acima de R$ 300, por que, atualmente, o mercado está estável entre R$ 240 e R$ 250 para mercadorias de boa qualidade?
A resposta passa pela dinâmica do mercado internacional. A maior parte das exportações brasileiras foi realizada antes da colheita da argentina, que registrou uma quebra histórica na produção de feijão. Naquele momento, boa parte da safra dos Estados Unidos já estava negociada com o México e outros países da América Central. Posteriormente, entre setembro e outubro, as colheitas nos Estados Unidos e no México ocorreram, o que resultou em um momento desfavorável para a oferta de feijão no mercado externo. Além disso, os altos custos de frete internacional – com aumentos de até 70% em algumas rotas – limitaram ainda mais a competitividade do feijão brasileiro no mercado global.
Fatores como conflitos geopolíticos e tensões em canais estratégicos, como o Canal de Suez, também têm impactado a logística internacional. As políticas de oligopólios no setor de frete marítimo, que ajustam a disponibilidade de contêineres e navios conforme seus próprios interesses, têm sido outro fator limitante. Esses elementos têm resultado em fretes elevados, com preços comparáveis aos níveis registrados durante a pandemia.
Diante desse cenário, o que os produtores de feijão-preto devem fazer? Embora não haja previsões precisas, uma estratégia possível seria a venda de 50% da produção agora, 25% no início de dezembro e, se houver disposição para assumir riscos, o restante em janeiro, quando as empresas retornam das férias coletivas e começam a se preparar para a compra do feijão novo do Paraná. Nesse período, é possível que ocorra um descompasso temporário entre o volume disponível de feijão recém-colhido e a demanda do mercado.
Fonte: portaldoagronegocio