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Agronegócio

Raízen integra fornecedores de cana-de-açúcar da Biosev

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Raízen integra fornecedores de cana-de-açúcar da Biosev

Um ano e meio depois de acertada a compra da Biosev com a Louis Dreyfus Company (LDC), a Raízen está começando a integrar os fornecedores de cana da companhia à sua dinâmica de relacionamento com produtores rurais. São 350 agricultores que vão ter acesso a iniciativas da companhia como acesso a crédito rural, tecnologias e um “pool” de compras de insumos.

Com a entrada desses produtores a sua base, a Raízen passará a contar com cerca de 2 mil fornecedores de cana, que representam metade do volume de matériaprima processada. Nesta safra 2022/23, eles deverão colher cerca de 40 milhões de toneladas, metade das quase 80 milhões que a companhia tende a moer neste ciclo, segundo indicações dadas pela Raízen em sua última apresentação de resultados.

A integração dos fornecedores é a última etapa da união dos negócios da Biosev à Raízen. A transação, fechada por R$ 3,6 bilhões e troca de ações com os antigos acionistas da Biosev, elevou a capacidade de moagem da Raízen em 30 milhões de toneladas por ciclo, o que torna-a empresa responsável por um quinto da cana processada a região Centro-Sul.

O oferecimento de programas de relacionamento a esses e aos seus demais fornecedores de cana é parte crucial da estratégia da Raízen de assegurar a oferta de matéria-prima em um momento em que o segmento sucroalcooleiro passa por escassez de cana no campo.

Em meio a baixas produtividades, as usinas enfrentam uma concorrência crescente. Há ainda uma competição acirrada com o avanço do cultivo de soja, que vem reduzindo a área plantada da cana.

Uma das estratégias tem sido incluir os novos fornecedores em um “pool” de compras de insumos capitaneado pela Raízen em seu programa Cultivar, o que resulta em redução de gastos com o aumento da escala de compras.

A expectativa da companhia é que os produtores egressos da Biosev comecem a aderir ao pool na próxima safra, segundo Ricardo Berni, diretor de agronegócios da Raízen. Na última safra, a organização do “pool” permitiu que a companhia e 282 produtores contornassem a inflação de custos agravada pela guerra na Ucrânia no fim da temporada, resultando em uma economia R$ 71 milhões, ante R$ 295 milhões empenhados com insumos.

Em geral, a economia gira em torno de 7% a 10% em relação aos preços de mercado. Em três safras, Raízen e 200 fornecedores – a maioria de grande porte – economizaram R$ 120 milhões.

“Mais do que a economia, o produtor passa a ter acesso a informações, melhor logística e previsibilidade”, afirma Berni. Como muitos fornecedores também produzem outras culturas, a parceria pode auxiliá-los nas outras atividades.

Os antigos fornecedores das usinas da Biosev também poderão acessar o crédito rural que a Raízen intermedeia com o Santander, outro recurso do Cultivar. Na última safra, a companhia facilitou a concessão de R$ 120 milhões em crédito do banco para seus fornecedores.

Entre 20% a 25% dos produtores que integram o programa Cultivar acessam o recurso. Através do programa, a Raízen agiliza a concessão de crédito aos agricultores, reduzindo a burocracia normalmente exigida a produtores isolados.

A companhia não revela estimativas do ritmo de integração dos produtores da Biosev aos seus programas de compras de insumos e de crédito agrícola, mas prevê “boa adesão”, assegura Berni. O desafio é acessar regiões onde antes a Raízen não estava presente, como Ribeirão Preto, Minas Gerais e no cluster da Biosev em Mato Grosso do Sul.

Alguns fornecedores vindos da Biosev já estão acessando tecnologias que a Raízen fomenta em seu hub de startups – o Pulse, em Piracicaba. A companhia vem promovendo 24 ferramentas desenvolvidas no local junto aos produtores do programa Cultivar. “Com a escala que adquirimos, podemos transferir muito mais tecnologia”, disse o diretor de agronegócios do grupo.

Segundo Berni, a “tríade” de soluções oferecida – formada pelas ferramentas do programa Cultivar, pelo programa Elos, mais focado em sustentabilidade, e pelo Pulse – pretende “elevar o nível de rentabilidade e produtividade” dos produtores, que seguem sendo assediados pela concorrência no segmento e pela expansão de lavouras de soja.

A Raízen também indicou que deve consolidar até o fim desta safra um programa que premiará fornecedores que melhorem suas práticas ambientais e sociais. O plano é oferecer a produtores de ” excelência em sustentabilidade” condições “diferenciadas”, como acesso prioritário ao “pool” de compras, descontos em produtos e taxas mais atraentes.

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