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Agronegócio

Quebra de bancos: qual será o impacto em relação aos juros no Brasil e EUA?

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Após as turbulências causadas pela quebra de bancos americanos, os ânimos voltaram a ficar ruins com notícias envolvendo o banco suíço Credit Suisse. Após resultados ruins no trimestre passado, o banco foi informado que o Saudi National Bank, seu principal acionista, não irá ajudar a empresa com um aumento de sua participação no capital. Com isso, as ações caíram com força e o mercado passou a temer uma crise bancária internacional generalizada.

Com esse cenário, mesmo com dados ruins em relação à inflação e abertura de vagas nos EUA, grande parte do mercado mudou a projeção de alta de juros pelo FED para a manutenção da taxa atual. Para Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, o cenário atual, de fato, mudou para a manutenção da taxa.

“Na minha opinião, o FED não vai baixar os juros agora, mas todos esses acontecimentos funcionaram como pressão. Provavelmente, eles viriam com alta de 0,25%, mas agora acredito que podem vir a não aumentar nada. Eles podem dizer que precisam verificar melhor a situação dos bancos porque cada alta que o FED dá, os títulos passam a valer cada vez menos. Então, é possível que os membros esperem e não subam dessa vez, mas voltem a subir nas próximas reuniões. Com certeza, esse episódio já está impactando na decisão do FED”, explica.

Alex Kim, sócio da A7 Capital, acredita que a rápida intervenção do FED na tentativa de mitigar os efeitos da quebra do SVB e do Signature e proteger a economia americana deu um alívio no sentido de conter uma eventual contaminação do sistema, o que provavelmente virá junto com uma mudança na política de juros do FED. “A tendência é que, para suavizar a possibilidade de novos casos, o FED adote uma postura mais dovish (menos agressiva no aumento de juros) para as próximas reuniões”, diz Kim.

Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, os EUA, o Brasil e o mundo, durante os últimos meses, suportaram juros altos e induziram à falta de crédito como forma de não oxigenar a economia e, assim, controlar a inflação: “Só que esse movimento tem um preço e prazo para acabar e ele começa a cobrar esse ajuste via bancos pequenos, médios e empresas altamente endividadas, que não devem aguentar por muito tempo esse patamar de juros. E como vítima, podemos ter o consumidor “fugindo” da alta de preços, mas quase que como um beco sem saída, vendo o mundo entrar em recessão”.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, ressalta que os ruídos chegam muito mal ao investidor, o que faz com que o mercado fique avesso a riscos maiores: “Quando o mercado está com medo, vende as posições. Então, as bolsas tendem a cair. Por isso, a importância de o investidor montar uma carteira diversificada e que esteja imune a esse tipo de adversidade. Uma carteira, em que independente do que aconteça, pode até perder para um lado ou desvalorizar em parte o patrimônio, mas, pode ganhar de outras formas. Então, o ideal é diversificar de acordo com o seu perfil de investidor, seu perfil de risco, de acordo com a sua sensibilidade ao risco, e conhecimentos, além do prazo com que precisa sacar o dinheiro para não ter que sacar antes da hora certa e acabar tendo prejuízo”, diz.

No Brasil, Carlos Hotz, sócio-fundador da A7 Capital, não acredita em uma queda de juros pelo Copom, mas diz que, em comunicado, o comitê poderá já indicar alguma diminuição mais à frente na taxa: “As decisões tomadas pelo FED impactam nos bancos centrais de todo o mundo. Então, se a gente tem o FED sinalizando um aumento de juros menor do que o mercado esperava, temos outros bancos centrais trabalhando com um spread, um diferencial de taxa de forma mais atrativa. Isso também pode significar uma proximidade de boa intenção entre economia e Campos Neto. Com isso, a gente pode ter Copom não reduzindo juros, mas já trazendo a pauta de eventual redução para próximas reuniões. Com isso, a taxa de juros negociada no mercado vai trabalhar sempre com um nível menor”.

Diante disso, os ativos prefixados são uma opção de investimento vantajosa nesse contexto, segundo Hotz. “Travar a taxa em um momento em que a Selic está muito elevada e vendo já um movimento de inversão de ciclo pode ajudar o investidor a ter a rentabilidade de taxas altas por um período maior, mesmo que aconteça uma redução de juros nos próximos meses”, comenta.

Fonte: portaldoagronegocio

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