O início da semana foi marcado por uma redução nas transações de feijão carioca no mercado, refletindo a baixa demanda e a qualidade insatisfatória dos grãos disponíveis. Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, a escassez de grãos com umidade adequada, resultado de secas e queimadas, resultou em lotes de feijão ressecado e defeituoso, o que tem pressionado os preços para baixo.
“As negociações que ocorrem são limitadas a lotes comerciais de qualidade inferior, com algumas transações pontuais em Minas Gerais, onde feijões de melhor qualidade foram negociados em torno de R$ 230,00 por saca. No entanto, de modo geral, as vendas continuam restritas”, explicou o analista.
De acordo com Oliveira, as vendas no varejo estão passando por uma forte retração. Entre agosto e setembro de 2024, o preço médio do feijão aumentou 0,59%, e no acumulado de 12 meses, a alta foi de 4,89%. A primeira safra de 2024/25, prevista para dezembro, deve aumentar a pressão sobre o mercado. No Paraná, por exemplo, 74% da área já foi plantada, prevendo-se um aumento de 66% na produção, enquanto a demanda permanece fraca.
“Corretores, na tentativa de evitar custos de armazenamento, têm oferecido descontos significativos, variando entre R$ 5,00 e R$ 10,00 por saca. No entanto, os compradores continuam cautelosos, adiando suas compras. Um fator adicional que agrava a situação é o comportamento das redes varejistas e atacadistas, que relatam uma retração sem precedentes nas vendas, sinalizando um consumo extremamente fraco no varejo”, relatou.
Mercado de Feijão Preto
No que diz respeito ao feijão preto, Oliveira afirma que a semana começou com baixa movimentação, também devido à fraca demanda. Os preços permanecem estáveis, com o feijão nacional cotado a R$ 370,00 por saca e o importado da Argentina a R$ 390,00.
“As negociações são esporádicas, com os compradores adquirindo apenas o necessário, sem compromisso com novas compras”, comentou o analista.
No Rio Grande do Sul, o clima tem favorecido o plantio, embora exista preocupação com o surgimento de doenças nas lavouras, em razão da umidade excessiva e das baixas temperaturas. No Paraná, maior produtor de feijão, o plantio da primeira safra de 2024/25 já alcançou 60% da área, com lavouras apresentando boas condições. A produção nacional de feijão preto pode ultrapassar 220 mil toneladas, o que, aliado à fraca demanda, deve pressionar os preços no início de 2025.
“O cenário macroeconômico impacta a liquidez do mercado, resultando em vendas lentas, mesmo na Zona Cerealista de São Paulo, onde a oferta é limitada. Espera-se que essa situação persista, com compradores adiando decisões e realizando poucos negócios”, concluiu.
Fonte: portaldoagronegocio