Comemorou-se em julho o Dia de Proteção às Florestas, com o intuito de celebrar a importância da preservação das matas nativas. No Brasil, cerca de 17,4 milhões de hectares de área produtiva são destinados para o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), grande contribuinte da conservação da biodiversidade brasileira. Sistema este que, há quase 20 anos, faz parte da Fazenda Flor Roxa da família Vellini, no município de Jardim Olinda, no interior do Paraná.
A ILPF é uma estratégia de produção que otimiza espaço nas propriedades rurais, pois integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Tal forma de sistema integrado melhora o uso da terra, elevando os patamares de produtividade, reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas.
A Fazenda Flor Roxa, que fica na divisa com São Paulo à beira do Rio Paranapanema, tem aproximadamente 400 hectares, onde é realizada a integração soja/milho com a pecuária, além de espaço para rotação de soja com cana-de-açúcar e plantio de eucalipto. Mas, nem sempre foi assim. A fazenda, adquirida em 1986 e gerida pelos produtores César Vellini e Vitor Vellini, pai e filho, começou apenas com reforma de pastagem, em 1994, quando rotacionavam algumas culturas, como milho e milheto. Só em 2006 é que a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) teve início na propriedade, sistema vigente, portanto, há cerca de 17 anos.
Atualmente, estão na colheita do milho e assim que terminarem os trabalhos, entrarão com o gado na área para aproveitar a palhada de Brachiaria spp., em seguida retiram o gado e fazem a dessecação para entrar com soja. “Recuperamos a cada três anos 25% da área total, e assim vamos fazendo mais rotação e o sistema de integração contínuo”, diz César.
Além de soja, milho e pecuária, a propriedade arrenda uma parte para plantio de cana-de-açúcar. “Para nós, os benefícios da ILPF são inúmeros, temos aumento da produtividade, qualidade do pasto, ganho de peso do animal, melhora na qualidade do solo e renda na propriedade”, explica o agropecuarista que estudou agronomia e conduz o negócio todo em família.
Renda e sombra para o gado
Na Fazenda Flor Roxa, a produção de grãos e a pecuária tem em seu entorno o eucalipto, com cerca de 25 quilômetros da espécie. “Os talhões da fazenda são divididos e próximo aos piquetes do gado temos o eucalipto com espaçamento em fileiras duplas”, descreve Vitor.
A sombra das árvores proporciona para o gado um maior conforto, já que na região do Paranapanema o clima é quente. “A partir de sete anos já dá para vender esse eucalipto. Faz parte da renda, mas como o visual é bonito, além de dar conforto térmico para os animais, nós não tiramos até o momento. Temos um silo de armazenagem de grãos na fazenda também e só com as partes que caem ou morrem do eucalipto já conseguimos alimentar o secador o suficiente”, conta.
O produtor detalha ainda que quando iniciaram a integração entre os três sistemas na propriedade, contaram com o apoio e incentivo da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (PR). “Começamos em um projeto deles em parceria com a Embrapa. Foram na fazenda nos apresentar e meu pai, que sempre foi de mente aberta, ficou tão entusiasmado que resolvemos participar e separamos uma área. Com o tempo, aprendendo nela, a implantação do sistema foi crescendo e hoje chega a praticamente 40% da fazenda. A Cocamar foi pioneira na difusão destas tecnologias em todo o território em que ela atua, e é nossa parceira até hoje”, relembra.
Cada ano um método aplicado
Os Vellini explicam que cada ano um método é aplicado na propriedade. A área recebe primeiramente a soja no verão, em seguida o milho em consórcio com braquiária, e após a colheita do cereal fica o pasto já formado pelo mesmo plantio, este pasto permanece até o começo de setembro com o gado (que dará lugar à soja), sempre com as variedades de forrageiras da Soesp – Sementes Oeste Paulista. E no caso da integração, usam a Brachiaria Ruziziensis. Quando optam por não plantar a soja na sequência, a escolha são as cultivares Mombaça (Panicum maximum) e a BRS Piatã (Brachiaria brizantha) com a exclusiva tecnologia Advanced, sendo o pasto reformado para depois de alguns anos entrar na rotação novamente.
“Éramos somente pecuária até 1994, no ano seguinte começamos a reforma com milho, em 1996 com soja e fomos aprendendo a diversificar. Com a agricultura não dá para perder tempo. Plantamos milho com braquiária, pois ela promove boa cobertura do solo, traz muitos benefícios, em especial para a vida do solo. Após colher o milho, em 15 dias ela já cobriu o solo. A gente só espera o tempo do pasto formar para soltar o gado”, frisa Vitor.
De acordo com ele, quando se faz a reforma de pasto sem uma cultura boa economicamente para amenizar o custo, fica muito oneroso e para o pasto se pagar leva mais tempo. “A soja entrou para amenizar as despesas, pois vem o pasto reformado com menor gasto. A produtividade de uma pastagem nova em cima da soja é fantástica e melhora a capacidade de engorda. Aumentamos a lotação média de 1 UA/ha para 4,5 UA/ha”, avalia o jovem, que é formado em agronomia, com pós-graduação em ILPF e gestão do agronegócio. Para seu pai, César, a fazenda que tem ILPF é muito boa no visual, na produtividade e matéria orgânica. E esse know how que hoje temos foi aprendido com muita dedicação e persistência”, completa.
Soesp Advanced é ideal para ILPF
A tecnologia exclusiva de forrageiras da Soesp, a Soesp Advanced, foi lançada em 2011 com o objetivo de produzir sementes de altíssima qualidade, acompanhando as necessidades dos sistemas agropecuários. As sementes que recebem o tratamento Advanced, disponível para todas as variedades de Brachiaria spp. e Panicum maximum da empresa, são blindadas pela tecnologia e ganham diversos benefícios para melhorar a produtividade no campo.
A BRS Piatã é utilizada em sistemas integrados, possui alto enraizamento e boa produção de matéria seca na época de estiagem. A variedade na ILPF é recomendada em consórcios com culturas anuais e entrelinhas de espécies arbóreas. É indicada ainda para bovinos, ovinos e caprinos e possui potencial de produtividade de 8 a 20 toneladas de matéria seca por hectare ao ano.
Com elevado valor nutritivo e adaptada a sistemas integrados, a Brachiaria Ruziziensis conta com potencial de produtividade entre 10 e 20 toneladas de matéria seca por ha/ano, fácil manejo e desseca com uso de menores doses de herbicida. Ela também é indicada para a alimentação de bovinos, ovinos e caprinos.
Já de elevada produtividade de matéria seca e qualidade, variando entre 20 e 33 toneladas de matéria seca por hectare, o Mombaça é indicado para a alimentação de bovinos e equinos. E também pode ser utilizada na silagem. Pelo seu maior porte, atenção deve ser dada ao manejo de dessecação na integração.
Fonte: portaldoagronegocio