A safra 2022/23 de algodão brasileiro chegará no mercado chinês com uma novidade, parte dos fardos embarcados já terá sido certificada pelo Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro, desenvolvido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária (Mapa) em parceria com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). A notícia foi bem-recebida por industriais e autoridades chinesas durante missão realizada, no final de março.
“Nosso objetivo neste intercâmbio foi apresentar o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro para a indústria têxtil e o governo chinês. Contamos com a presença do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em nossa programação e a receptividade foi ótima. O próximo passo agora é sinalizarmos para os parceiros chineses a remessa dos primeiros fardos já certificados pelo novo programa”, contextualiza o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, que coordenou a comitiva brasileira na China.
Na prática, o programa conjunto entre Mapa e Abrapa certifica fardos de algodão que cumpriram as exigências do padrão internacional de verificação da qualidade da fibra. Essa análise é realizada por equipamentos e procedimentos padronizados e auditados internacionalmente, permitindo que os indicadores de qualidade da pluma sejam aceitos pelo mercado global.
Em dez anos, a importação de algodão brasileiro pela China aumentou 47%, e, hoje, o país é o maior cliente internacional do algodão brasileiro e está na lista de prioridades das ações da Abrapa.
No ano comercial 2021/22, 455,61 mil toneladas foram embarcadas para a China – que respondeu por 27% dos embarques no período. A pluma é o segundo produto brasileiro mais exportado para os chineses, ficando atrás apenas da soja.
Agenda. O primeiro compromisso da comitiva brasileira na China foi no 2023 CNCE Industry Development Conference, evento realizado pela China National Cotton Exchange (CNCE), em Pequim. A Abrapa foi uma das apoiadoras do evento da CNCE por meio do programa Cotton Brazil, braço de promoção internacional da pluma brasileira.
Além de estande para networking e palestra sobre a produção de algodão no Brasil realizada pelo diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, a conferência abriu espaço para pronunciamento do ministro Carlos Fávaro, destacando o recém-lançado Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro.
Em seguida, a comitiva seguiu para Qingdao, onde está o maior porto de entrada do algodão importado e onde fica a agência chinesa de Inspeção e Quarentena (CIQ) – responsável pela classificação de toda a pluma. Os brasileiros visitaram os armazéns de algodão no porto e os laboratórios de classificação, conheceram os procedimentos técnicos adotados pelas autoridades chinesas e apresentaram como funciona o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro.
“Combinamos de construir um acordo de cooperação técnica oficial entre os governos brasileiro e chinês para alinhamos os padrões técnicos, facilitando o comércio”, revelou Schenkel.
A agenda na China também incluiu uma reunião de avaliação da parceria entre Abrapa e CNCE, formalizada em 2021, para discussão de novas metas e projetos. Os brasileiros também cumpriram agenda com as duas maiores estatais que operam no mercado de algodão na China: a Chinatex e a China National Cotton Group Corp. (CNCGC), que, juntas, respondem por mais de 2 milhões de toneladas/ano.
A missão na China foi finalizada com um jantar entre comitiva da Abrapa, principais executivos das estatais chinesas, ministro Carlos Fávaro e assessores mais próximos. A equipe brasileira também participou do “Seminário Econômico Brasil-China”, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que reuniu mais de 450 empresários chineses e brasileiros.
Retorno. “Marcamos pontos com os parceiros chineses. Após a abertura do país para estrangeiros, fomos a primeira missão comercial do mercado de algodão a ser recebida, e com retorno já marcado”, comenta o presidente da Abrapa. De 15 a 25 de abril, a associação realiza mais um intercâmbio institucional com destino à China e à Coreia do Sul, levando produtores e exportadores brasileiros.
Na missão de abril, o enfoque será mais amplo. “Desta vez, priorizamos o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro. Em abril, vamos mostrar como está o andamento da safra brasileira, os indicadores de qualidade e sustentabilidade e também como funciona a rastreabilidade da pluma brasileira”, antecipa Schenkel.
Fonte: portaldoagronegocio