Valdir Fishborn, morador de Querência do Norte, no noroeste do Paraná, planta ginseng há 20 anos. Atualmente, cultiva a raiz em 36 mil metros quadrados. Completará a colheita nas próximas semanas e beneficiará o produto na Associação de Pequenos Agricultores de Ginseng de Querência do Norte (Aspag). Com os ganhos, diz que irá colaborar com a renda da casa até a próxima safra.
No cultivo do ginseng pelos associados da Aspag, tudo é manual, desde o plantio das mudas ao “arranquio” (retirada das plantas do solo), feito de forma cuidadosa para não danificar as raízes. O controle de pragas é realizado por meio da rotação de áreas e outros recursos que dispensam o uso de agrotóxicos, uma vez que o produto é orgânico.
“Plantamos sempre quando o tempo esfria, no inverno. A produtividade depende de fatores como a qualidade do solo e o tempo do plantio. A maior parte dos produtores colhe o ginseng antes de dois anos. Eu planto somente ginseng, mas com pouca terra dá para fazer um bom dinheiro”, conta Valdir, que também trabalha na associação, ajudando a beneficiar o ginseng de outros produtores.
A família de Lenir Terezinha Soares Fenner cultiva o ginseng há cerca de 15 anos. De acordo com ela, na propriedade, planta-se mandioca e milho também.
“O ginseng é muito bom na renda. Sai na frente do milho, da mandioca, é mais produtivo e muito bom para os nossos ganhos”, garante lenir. Como é o caso da maioria dos produtores, a área utilizada pela produtora para o plantio é pequena, hoje de cerca de um alqueire paranaense (24,2 mil metros quadrados).
Segundo dados da Aspag, de 2021 para 2022 houve aumento percentual de 64,4% na quantidade exportada de ginseng. Enquanto em 2021 foram enviados para fora, principalmente para países europeus e asiáticos, 6.750 quilos da raiz, resultado de R$ 270 mil em vendas, em 2022 foram exportados 11.100 quilos de ginseng, rendendo R$ 555 mil em negócios. Avanço também no mercado interno, com as vendas nacionais saltando de 355 quilos, a R$ 15.975, para 585 quilos, a R$ 35.100, no mesmo período. China, Japão e França foram os destinos do produto paranaense.
“Os resultados contribuíram com a renda de 12 famílias produtoras, além de outras 15 que atuam de forma indireta na cadeia da raiz, com transporte, plantio, colheita, beneficiamento e serviços de escritório”, explica o produtor e presidente da Aspag, Misael Jefferson Nobre.
Busca pela IG
O ginseng de Querência do Norte faz parte da comunidade Origens Paraná, um espaço para troca de experiências relacionadas às Marcas Coletivas e Indicações Geográficas, com apoio do Sebrae/PR. A Aspag tem organizado a produção em busca da Indicação Geográfica (IG) para o produto, registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em reconhecimento a características diferenciadas, por produção em determinada região ou território específico.
Segundo a consultora do Sebrae/PR, Narliane Martins, que acompanha o grupo nas adequações para protocolar o pedido da IG, alguns passos foram dados, como a formação de um comitê gestor, a adequação do estatuto da associação e o desenvolvimento do signo distintivo do produto, com o nome “Ginseng de Querência do Norte”. Entre as próximas tarefas, está o desenvolvimento de um caderno de especificações técnicas, o que será feito neste ano.
“Além da assessoria para a conquista da IG, auxiliamos na criação de logomarca e rótulo novos e apoiamos a participação em feiras”, comenta a consultora.
Outra forma de incentivo são as viagens técnicas para regiões que possuem produtos com IG. Uma delas foi realizada no ano passado, quando um grupo de Querência do Norte visitou produtores do Queijo Canastra, em Minas Gerais.
“Esse tipo de ação é importante para os produtores de ginseng entenderem a importância do associativismo e como os produtores do Queijo Canastra conseguiram se organizar para se tornar referência no mundo”, frisa Narliane.
Ginseng
Considerado uma raiz ou batata, o ginseng possui ação estimulante e revitalizante, apresentando potenciais benefícios à saúde e ajudando na diminuição do estresse e da fadiga. É usado, ainda, para fins cosméticos. O ginseng de Querência do Norte é colhido a qualquer tempo com qualidade, por ser nativo no município e adaptado ao solo e clima da região. Trata-se de uma espécie da Mata Atlântica, a Pfaffia glomerata, que ocorre naturalmente nas margens e em ilhas do Rio Paraná.
Fonte: portaldoagronegocio