O ConBAP – Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão reuniu cerca de 700 pessoas, de 09 a 11 de agosto em Campinas (SP). A palestra do Prof. Dr. José Paulo Molin (Esalq/USP) abriu o evento e trouxe um panorama dos últimos 25 anos da agricultura de precisão no Brasil. De acordo com os dados apresentados, da pesquisa Mercado de Agricultura de Precisão e Digital, feita em 2021 pela IHS Markit com o apoio da AsBraAP (Associação Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital), que entrevistou 1.087 pessoas em 11 estados brasileiros, a taxa de adoção de agricultura de precisão (AP) é de 66% na cultura do algodão, de 34% na soja e 14% em cana-de-açúcar. Molin destacou durante a apresentação um recuo entre os produtores de cana, que foram pioneiros no uso das tecnologias nos anos 2000 e estão perdendo espaço. “No Brasil, o mercado de agricultura de precisão avançou na aplicação variável de fertilizantes e corretivos de solo, mas temos agora que ver a lavoura toda como não uniforme, principalmente no manejo de pragas e doenças. Esse é o grande desafio para a AP daqui para frente.”
O Congresso é promovido pela AsBraAP, originalmente a cada dois anos, e nesta edição teve recorde de público entre profissionais da área, pesquisadores, professores, produtores rurais, estudantes, empresas e usuários das diferentes técnicas de agricultura de precisão e digital. O ConBAP 2022 contou ainda com 33 patrocinadores e expositores, 17 palestrantes, 47 trabalhos pôsteres e 21 orais. Marcos Ferraz, presidente da AsBraAP, conta que a alta adesão foi surpreendente. “No primeiro evento depois da pandemia percebemos que as pessoas estavam ávidas por conhecimento presencial e networking. O evento cumpriu seus objetivos tanto em conteúdo quanto em interação.”
Ensino de AP
Um dos grandes entraves apontados para a adoção da agricultura de precisão e digital no Brasil é a falta de mão-de-obra qualificada. Segundo a palestra do Prof. Dr. Antônio Luís Santi, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), entre os cursos de agronomia em todo o país, 58% abordam a AP como parte de outra disciplina, sendo que somente 21% têm o tema como disciplina obrigatória. Forma levantados os dados em 162 cursos que tinham ao menos uma turma formada e ensino presencial – 58% dos cursos no Brasil.
Entre as ferramentas mais utilizadas para auxiliar no ensino de AP no Brasil estão GPS (90%), softwares (70%) e penetrômetro (60%). Já sobre as pesquisas na área, cerca de 80% tratam de manejo georreferenciado de atributos de solo e planta; 45% de uso de drones e 40% de geoestatística.
Os dados fazem parte do levantamento O Ensino e a Pesquisa em Agricultura de Precisão nos Cursos de Agronomia das Instituições de Ensino Superior (IES) Brasileiras, desenvolvido pela engenheira agrônoma Mariana Poll Moraes, com orientação de Santi.