O mercado de ração animal fechou o ano de 2022 com um crescimento produtivo de 1,3%. Segundo dados publicados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o percentual corresponde a uma produção de aproximadamente 82 milhões de toneladas, de janeiro a dezembro.
O volume de produção de ração no Brasil reforça que o setor de nutrição animal tem caminhado, a passos largos, de coadjuvante, para protagonista na economia do Brasil.
No entanto, tão importante quanto a quantidade de ração produzida é manter a alta qualidade, assegurando os níveis nutricionais de acordo com as exigências de cada espécie e fase da vida do animal.
De acordo com a supervisora de especialidades da Quimtia Brasil, empresa especializada na fabricação de insumos para nutrição animal, Geórgia Almeida, para assegurar a qualidade final da ração diversos pontos no processo produtivo devem ser monitorados e realizados da melhor forma possível, desde a formulação até o ensaque. Segundo ela, em uma fábrica de ração muitos equipamentos estão envolvidos na transformação de matérias-primas em ração para o consumo dos animais. “São praticamente dois fatores que podem impactar na qualidade da mistura, a granulometria das matérias-primas e o processo de mistura”.
O misturador tem como função homogeneizar todas as matérias-primas que fazem parte da fórmula da ração. Cada misturador tem um tempo ótimo de mistura, variando de acordo com a capacidade, marca e ano de fabricação.
“Problemas na homogeneização da ração podem causar perdas econômicas por queda de desempenho e problemas para saúde dos animais por dosagens muito pequenas ou muito grandes de microingredientes e aditivos presentes na formulação”, alerta Geórgia.
Para verificar a qualidade da mistura das rações o indicado, de acordo com a especialista, é fazer constantes testes de mistura, documentados e registrados em POP (Procedimento Operacional Padrão), visto que é um item cobrado em auditorias realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O teste de qualidade de mistura pode ser realizado com a utilização de marcadores micro como Manganês ou Cobre, presentes no premix ou adicionados apenas para a realização do teste, como é o caso de avaliações com Microtracer. Também pode-se realizar o teste por análise de sódio, proteína bruta ou cálcio. Para a supervisora de especialidades da Quimtia Brasil, as amostras devem ser coletadas em tempos específicos calculados de acordo com o tempo de descarga completa do misturador, e coletadas na saída do misturador, identificadas por lote e em uma sequência de 1 a 10.
“Em um laboratório serão avaliadas as quantidades do item escolhido para o teste em cada amostra, todos os valores serão estatisticamente analisados e a média entre eles dará o resultado do coeficiente padrão (CV), o qual demonstra as variações encontradas entre as amostras. Quanto menor o CV, mais uniforme está a mistura. Valores de CV entre 5% e 10% são considerados bons. Valores abaixo de 5% são considerados excelentes. Quando o teste é realizado com Microtracer a avaliação do resultado do teste deve ser realizada conforme indicação da Micro-Tracers, Inc. (1961), no qual misturas adequadas são classificadas quando o resultado de CV for menor ou igual a 13% e a probabilidade maior que 5%. Resultados não aceitáveis são aqueles com CV maior que 16% e probabilidade menor que 1%”, afirma.
Medidas corretivas
Geórgia ressalta também, que em casos em que são apresentados valores não conformes, o que indica falha no processo de mistura, o ideal é a realização de medidas corretivas. “É fundamental que haja uma vistoria e limpeza no interior do misturador, pois o resíduo não pode ser maior que 0,2% da capacidade total do equipamento, é importante realizar uma constante manutenção dos helicóides do misturador e o ajuste do tempo de mistura conforme indicação do fabricante do equipamento. Outro ponto é buscar melhorar a adição dos ingredientes durante o processo de mistura, sendo ideal a colocação de premixes e núcleos no centro da mistura, ou seja, adicionar 50% do volume de matéria-prima antes e 50% depois”, finaliza.
Fonte: portaldoagronegocio