Em Uberaba não seria diferente, por sua localização privilegiada, que tem no setor sucroenergético um dos pilares de sustentação do seu produto interno bruto e que tem expectativa de safra recorde entre 2023/2024. Com mais de 115 mil hectares de área plantada na atual safra, Uberaba lidera o ranking nacional na produção de cana de açúcar, assumindo posição estratégica no país.
Dados da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) apontam que a safra iniciada recentemente deverá gerar 72,5 milhões de toneladas. O volume supera em 6% a safra anterior e ultrapassa até mesmo o maior volume até então processado no estado, em 2021, quando foram esmagadas 70,8 milhões de toneladas de cana. Os números foram apresentados durante o evento de abertura da safra mineira, em Uberaba.
O incremento é influenciado tanto pelo melhor rendimento das lavouras, como pela maior área destinada ao cultivo da cultura, como mostra o 1º Levantamento de Cana-de-Açúcar divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em abril.
Uma indústria que respira o agronegócio e tem se tornado cada dia mais sustentável. Assim é o setor sucroenergético, que aposta em diversas frentes de atuação. Exemplo disso é a Usina Uberaba, que adota práticas sustentáveis em seu processo produtivo. Entre as condutas, destaca-se o controle de pragas, que é feito exclusivamente por meio do controle biológico, além da adubação, segue princípios orgânicos.
Outro exemplo vem da Usina Delta, que aposta na Indústria 4.0, alicerçada na tecnologia de ponta para intensificar a operação industrial, sem perder de vista o foco na rentabilidade e sustentabilidade. O complexo, por exemplo, é autossustentável no consumo de energia elétrica, que é gerada a partir da reutilização do bagaço resultante do processamento da cana-de-açúcar. Ainda, os resíduos industriais são reutilizados como adubo no campo, além de termos um circuito fechado de água com a sua reutilização no processo industrial.
Dessa forma, as usinas de Uberaba mostram-se como exemplos de indústrias que conciliam o desenvolvimento econômico com práticas sustentáveis, buscando preservar o meio ambiente e promover um futuro mais sustentável para a região.
Panorama nacional
O setor sucroenergético desempenha um papel significativo na economia brasileira, gerando renda e empregos em várias regiões do país. Atualmente, o Brasil conta com 367 usinas de cana-de-açúcar em operação, que processam cerca de 657,4 milhões de toneladas de cana. Essas usinas ocupam a segunda posição mundial na produção de etanol e a primeira posição na produção de açúcar em escala global.
A cadeia sucroenergética contribui aproximadamente com 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gera mais de 700 mil empregos formais. Além disso, aproximadamente 1.000 municípios brasileiros participam das atividades relacionadas ao setor. Vale destacar que as usinas de cana-de-açúcar também têm uma participação significativa na geração de energia elétrica, sendo responsáveis por cerca de 5% do consumo nacional, o que corresponde a aproximadamente 22,6 terawatts-hora (TWh).
Embora o setor sucroenergético tenha enfrentado desafios recentes, como condições climáticas adversas e questões políticas, ele continua desempenhando um papel vital na economia brasileira. As usinas têm se adaptado às tendências ambientais e produtivas, buscando uma maior eficiência e sustentabilidade. As perspectivas para o setor incluem um direcionamento maior da cana para a produção de biocombustíveis, com um mix alcooleiro estimado em 55% e um mix açucareiro em 45% na safra 2022/2023.
No entanto, é importante observar que o setor sucroenergético também enfrenta desafios, como o aumento dos custos de produção, especialmente devido ao fornecimento de insumos afetado por conflitos internacionais, como o conflito entre Rússia e Ucrânia. Além disso, questões políticas, como a aprovação da PEC dos Combustíveis, podem impactar os preços internos do etanol.
Apesar dos desafios, o setor sucroenergético busca se fortalecer, com a expectativa de um crescimento contínuo nos próximos anos. A retomada da lucratividade e o compromisso com a sustentabilidade ambiental são aspectos-chave para a evolução e resiliência do setor, que busca aprender com experiências passadas e se adaptar às demandas do mercado.
Fonte: portaldoagronegocio