A produção cafeeira no Estado do Rio de Janeiro, principalmente a de grãos especiais, registrou um aumento de 127% no faturamento para os produtores do setor e se confirma como um dos segmentos no ramo de alimentos que mais se desenvolvem. Somente este ano foram produzidas mais de 18 mil toneladas de grãos ensacados, um aumento de 36% em relação a 2021, quando foram contabilizadas pouco mais de 13 mil toneladas.
– O Rio de Janeiro voltou a produzir e isso nos enche de orgulho. A cultura do café é uma dessas atividades, que vem gerando emprego, renda e movimentando a economia, em especial no interior. E é para esse produtor que estamos olhando, criando linhas especiais de crédito, melhorando as estradas para escoar a produção, tirando do papel projetos de infraestrutura que permitam que o setor cresça e ajude o estado a continuar avançando – comemora o governador Cláudio Castro.
A família Rodolphi, do Sítio Vai e Volta em Varre-sai, na Região Noroeste, é uma das produtoras de cafés especiais que contribui para o crescimento e o sucesso do setor no estado. Depois de muito estudo, dedicação e o apoio do governo, em 2020 o sítio aprimorou o cultivo e colheu premiados frutos.
– A colheita em 2020 foi farta e os resultados foram maravilhosos, alcançamos nosso primeiro lote de café com 87,5 pontos na tabela SCA e também os dois primeiros lugares no Concurso de Cafés Especiais do Estado do Rio De Janeiro, além do terceiro lugar no mesmo prêmio. Isso foi para todos nós uma grande alegria e, para mim, um incentivo. O cultivo de cafés especiais do Vai e Volta é feito por muitas mãos e todas elas são essenciais para um bom resultado final – contou Alyne Chryslla de Almeida Rodolphi, proprietária do sítio.
Embora o Rio de Janeiro seja uma das menores áreas de produção do país (10,5 mil hectares em 2022, segundo a Conab), os índices de produtividade colocam o estado entre os maiores produtores de café no país.
O gerente regional de café da Emater-Rio, Gustavo Polido, explica que, em se tratando de cafeicultura, um fator é preponderante: a bienalidade, o que alterna os anos com alta produção e baixa na colheita.
– Considerando a bienalidade do café, em que um ano ele floresce mais e no outro a produção decresce, neste ano tivemos alta produtividade em diversos pontos se compararmos com 2021. Até o momento, são poucos os produtores que restam para acabar a colheita da safra, então está praticamente fechado – completa Polido.
A Emater é a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, vinculada à Secretaria de Estado de agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento (Seappa), uma das responsáveis por estimular e organizar os agricultores familiares de acordo com cada cultura agrícola, considerando as potencialidades naturais de cada região. No Rio, o café é a segunda cultura no estado com maior número de produtores e está mais concentrada na região Noroeste, com 80% da produção. Em seguida, estão as regiões Serrana, com 18%, o Vale do Café, no Sul, com 1%, e as regiões Centro e Norte, também com 1%.
– Este perfil reforça a importância de eventos sazonais e temáticos que explorem a qualidade da produção e o maior interesse de produtores em todas as regiões fluminenses. Entre os principais exemplos está o Dia de Campo, um dos eventos recorrentes no portfólio dos extensionistas da Emater-Rio para conectar conhecimentos, ofertar orientações, tecnologias atualizadas e atendimento técnico aos agricultores. Essas ações ainda estimulam o turismo e movimentam a economia, gerando renda e emprego – explica.
Programas de incentivo
O café foi um dos sete itens incluídos na cesta de alimentos da agricultura familiar para a merenda das escolas municipais e estaduais. A ação é fruto de alguns projetos, entre eles o Programa Especial de Fomento Agropecuário e Tecnológico (Agrofundo), o programa de crédito rural, o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Alimenta Brasil (PAB). A ideia é facilitar o acesso a mercados institucionais, promovendo segurança alimentar e nutricional às comunidades rurais.
Somente este ano, as famílias produtoras já foram beneficiadas com mais de R$ 2,2 milhões nas chamadas públicas para a compra das cestas. Além disso, é preciso seguir promovendo eventos e ações para coletar e compartilhar boas práticas de manejo agroecológico dos cafés especiais e gourmet.
– A região que faz fronteira com o Espírito Santo é mais avançada em determinados pontos da cadeia produtiva. Na região de Caparaó, especialmente, o que reflete na qualidade do plantio. Eles ganham concursos com frequência, várias vezes com o título de melhor café do Brasil. Então, é muito oportuno por estar próximo com a nossa divisa e podermos estreitar a comunicação entre os técnicos para compartilhar tecnologias de manejo – completou o supervisor técnico da região Noroeste da Emater-Rio, Matias Rocha.