Após dois anos de desafios para o setor, a produção europeia de azeite, que abastece predominantemente o mercado brasileiro, deve apresentar uma recuperação significativa, o que pode resultar em uma redução de até 20% no preço do azeite no Brasil já em 2025.
Com uma produção nacional ainda restrita, o Brasil depende quase integralmente das importações da Europa para suprir o consumo interno. Esse cenário torna o país particularmente vulnerável a flutuações na produção global, especialmente nas principais regiões produtoras. Nos últimos anos, as condições climáticas desfavoráveis diminuíram a oferta de azeite, levando a preços recordes.
Entretanto, a nova safra, iniciada em outubro, traz boas perspectivas. A expectativa é de uma produção robusta nos principais países produtores, como Espanha, Tunísia, Turquia e Grécia, o que deverá equilibrar o mercado e gerar uma queda nos preços para o consumidor brasileiro. Segundo Leonardo Scandola, diretor comercial da Filippo Berio na América Latina, a estimativa é de uma redução mínima de 20% nos preços no início de 2025, com possibilidade de novas quedas ao longo do ano, dependendo da demanda global e das variações cambiais.
Este ano, o azeite teve um aumento de 50% no Brasil, o maior desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012. Desde então, embora o ritmo de alta tenha diminuído, os preços continuam elevados. A previsão de produção global para a safra 2024-2025 é de cerca de 3,1 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 23% em relação à safra anterior. Este crescimento é impulsionado pelas boas safras na Europa, que devem responder à demanda reprimida e equilibrar o mercado.
Para o consumidor brasileiro, essa recuperação representa um alívio financeiro, já que, após dois anos de forte queda na produção, o aumento de preços foi de cerca de 50%. A expectativa agora é de que o mercado encontre um equilíbrio, tornando o azeite mais acessível à população. A NielsenIQ (NIQ), em seu relatório Mid-Year Consumer Outlook: Guide to 2025, indica que os brasileiros estão cada vez mais focados em consumir produtos essenciais que promovam bem-estar, o que pode impulsionar o consumo de azeite.
Entretanto, a situação na Itália é mais preocupante, devido a secas intensas e altas temperaturas que afetam regiões produtoras como Puglia e Sicília. A produção do país pode cair até 32% em relação ao ano anterior, o que pode fazer a Itália perder sua posição de segundo maior produtor mundial, passando para o quinto lugar. Apesar disso, a qualidade do azeite italiano continua sendo um diferencial, e o setor agrícola do país mantém sua tradição de excelência.
O setor de azeite, no entanto, enfrenta o impacto das mudanças climáticas, que exigem adaptação. Scandola destaca a importância de investir em modelos agrícolas que minimizem os efeitos climáticos e em tecnologias de monitoramento hídrico para proteger as lavouras e garantir a sustentabilidade do setor.
Fonte: portaldoagronegocio