A explosão altista das últimas semanas no preço arroz em casca no brasil fará com que o grão encerre o ano de 2022 com a maior alta acumulada entre todas os principais produtos agrícolas cultivados no país. Até a quinta-feira (08), os ganhos acumulados pelo cereal em 2022 chegam a 44,7% na média do Rio Grande do Sul (RS).
Com 18 altas consecutivas, na média do Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista) a saca foi cotada a R$ 90,26, um avanço de 12,60% em relação ao mesmo período do mês anterior e 46,6% superior quando comparado ao mesmo período do ano de 2021.
Segundo o analista e consultor de SAFRAS & mercado, Élcio Bento, a válvula de escape das exportações enxugou o já apertado quadro de abastecimento doméstico. “Com isto, para evitar o desabastecimento no pico da entressafra, os compradores precisaram elevar o patamar dos preços ofertados ao produtor, evitando assim que o grão em casca seguisse deixando o país via porto de Rio Grande” explica.
Resta saber se essa elevação das cotações conseguirá segurar grãos suficientes para atender o consumo interno do cereal em casca até o ingresso da safra nova. “Se esta conta não fechar, os engenhos nacionais teriam que ir às compras no exterior”, pondera Bento.
Como os parceiros do Mercosul não têm mais excedentes desse tipo de grão, poderia haver necessidade de comprar em outras origens (a preços mais altos). “Isto abriria espaço para novas recuperações no âmbito doméstico”, destaca.
Por outro lado, o vendedor precisa aproveitar o momento positivo para negociar, pois com a chegada do final de ano o ritmo de compras pela indústria tende a reduzir. “E, a partir de janeiro, começam a ser disponibilizados lotes de arroz paraguaio ao mercado”, lembra.
Em Alegrete, na região da Fronteira Oeste gaúcha, os indicativos variam entre R$ 86,90 e R$ 92,40 por saca. Em Rio Grande as cotações variam entre R$ 95,20 e R$ 100,70 por saca. Esses são os maiores preços desde 21/12/2020.
