Um estudo inovador da Serasa Experian indica que o Brasil pode expandir sua área de cultivo de soja em até 36,6 milhões de hectares, sem a necessidade de desmatamento. A pesquisa, realizada nos últimos dois meses, revela que este crescimento potencial representa cerca de 80% a mais do que a área atual de cultivo, e se concentra principalmente em áreas degradadas de pastagens no Centro-Oeste do país.
Atualmente, o Brasil cultiva soja em 45,98 milhões de hectares, com uma produção de 147,35 milhões de toneladas, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O estudo mapeou a disponibilidade de áreas para a expansão da soja, considerando pastagens degradadas e divididas por bioma e estado.
O Cerrado é identificado como a região com a maior área disponível para a soja, com 17,6 milhões de hectares de pastagens, seguido pela Amazônia com 11,9 milhões de hectares, Mata Atlântica com 4 milhões e Pampa com 3,1 milhões. A análise foi baseada em cadastros rurais declarados e segmentou as áreas de pastagens por nível de degradação: ausente, intermediário e severo.
Nos estados, Mato Grosso do Sul destaca-se com 6,1 milhões de hectares de pastagens em diferentes níveis de degradação aptas para o cultivo de soja, seguido por Mato Grosso com 5,9 milhões, Goiás com 4,9 milhões, Minas Gerais com 3,9 milhões e Pará com 3,7 milhões. São Paulo ocupa a nona posição, com 1,6 milhão de hectares, principalmente no Oeste e no Vale do Paraíba.
Daniel Alves de Aguiar, gerente executivo de Geoprocessamento da Serasa Experian, destaca que o estudo demonstra que a expansão da soja pode ocorrer sem desmatamento, atendendo às demandas do mercado internacional por produtos livres de desmatamento. “Agora temos evidências claras de que é possível expandir o cultivo agrícola sem desmatamento, alinhando-se com os principais protocolos agrícolas atuais”, afirma Aguiar.
Ele ressalta que o estudo não sugere a relocação do gado atualmente em áreas identificadas no estudo para florestas, mas aponta para uma significativa capacidade de melhorar a produtividade das pastagens. “Atualmente, a taxa média de ocupação das pastagens no Brasil é de uma unidade animal por hectare, e estudos sugerem que poderíamos alcançar até 3,6 unidades por hectare com melhorias nas pastagens”, explica.
A Serasa Experian estima que serão necessários investimentos de R$ 60 bilhões em até 10 anos para converter 12 milhões de hectares de pastagens para o cultivo de soja, alinhando-se às projeções do Ministério da Agricultura para o avanço do plantio.
O Brasil é responsável por um terço da produção global de soja, que totaliza 395,91 milhões de toneladas em uma área plantada de 138,52 milhões de hectares, conforme dados da Embrapa. Em comparação, a produção de soja nos Estados Unidos é de 33,33 milhões de toneladas por safra.
Fonte: portaldoagronegocio