Uma reunião da ISO – International Standartization Organization – marcada para os dias 29 e 30 deste mês, na Suíça, terá no centro do debate uma das normas para avaliação de qualidade de EPI agrícolas – equipamentos de proteção individual -, a ISO 17491-4. A entidade global avaliará o conjunto de resultados de novos ensaios realizados globalmente na área, entre eles um que foi coordenado pelo pesquisador brasileiro Hamilton Ramos, na cidade paulista de Jundiaí.
De acordo com o pesquisador, seu trabalho foca, sobretudo, na similaridade entre ‘pontas de pulverização’, além da relação destas com a qualidade e a resistência de vestimentas protetivas ou EPI, as ‘roupas’ empregadas no trabalho rural de aplicação de defensivos agrícolas.
Pontas de pulverização constituem acessórios que determinam a quantidade de defensivo agrícola a ser aplicada numa área de lavoura, bem como a uniformidade da cobertura desse tratamento químico, segundo explica Ramos. Ele é o atual diretor do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP na cidade de Jundiaí.
As ‘pontas’, diz Ramos, são essenciais à eficácia dos testes de resistência de EPI da norma ISO 17491-4. “Elas definem parâmetros como a vazão dos defensivos agrícolas, o espectro de gotas e a distribuição do jato emitido na pulverização. Tais variáveis interferem na avaliação da confiabilidade dos equipamentos de proteção individual e consequentemente na segurança do trabalhador rural”, resume ele.
Conforme o pesquisador, várias questões relacionadas ao sistema de pulverização utilizado nas pesquisas – como a não-uniformidade na distribuição de produtos químicos e a equivalência de resultados com pontas de pulverização de modelo idêntico, mas de diferentes marcas comerciais -, foram levantadas pelo Brasil há anos.
“Com a conclusão da pesquisa brasileira e a de outros estudos, feitos em parceria com outros países, irá ocorrer a revisão na norma ISO 17491-4. Esta medida deverá aprimorar os padrões de qualidade das pontas de pulverização e dos EPI produzidos globalmente”, diz Ramos.
Cabine brasileira
De acordo com Ramos, para a complexa realização do estudo do IAC-Quepia, o programa investiu da construção de uma cabine ao longo de mais de dez anos de pesquisas. O equipamento, instalado na sede do CEA-IAC, em Jundiaí (SP), permite simular a exposição do trabalhador a aplicações de defensivos agrícolas, sob diferentes condições técnicas.
“O equipamento conta com recursos para analisar a conformidade das pontas de pulverização e sua relação com eventuais contaminações de vestimentas protetivas agrícolas (EPI) empregadas no trabalho rural.”
Uma iniciativa que une o CEA-IAC ao setor privado, o programa IAC-Quepia existe há mais de 16 anos e se apoia em uma estrutura tecnológica de última geração. Desde sua criação, ressalta Ramos, o “Quepia” foi responsável por uma representativa redução nas reprovações de qualidade de vestimentas protetivas agrícolas fabricadas no Brasil, que eram da ordem de 80% do montante analisado pelo programa, em 2010, para menos de 20%.