Após um ano de 2024 com preços históricos para o café, com recordes tanto para o arábica na Bolsa de Nova York quanto para o robusta na Bolsa de Londres, as perspectivas para 2025 indicam que os preços continuarão sustentados. Este cenário é reflexo de uma safra brasileira comprometida, que foi abaixo das expectativas em 2024 e também promete ser significativamente menor em 2025.
O clima desfavorável impactou tanto a produção de arábica, que resultou em grãos miúdos, quanto o conilon, que apresentou rendimento abaixo do esperado. Esse quadro climático adverso também afetou a safra de 2025, criando uma perspectiva preocupante para os produtores. Apesar disso, o mercado permanece favorável para o ano de 2025, especialmente no primeiro semestre, como destaca o consultor Gil Barabach, da Safras & Mercado.
Preços Elevados e Expectativas para o Mercado em 2025
De acordo com Barabach, 2024 foi marcado por preços elevados, oferecendo margens amplas para os vendedores. Os produtores aproveitaram gradualmente a alta dos preços, com negócios mais cadenciados. Essa tendência deve persistir no início de 2025, uma vez que a expectativa de uma safra menor de arábica no Brasil continua a dar suporte aos preços. Além disso, o dólar, mesmo sujeito a correções, tende a se manter valorizado frente a outras moedas, especialmente o real.
Com 79% da safra atual já vendida, os produtores seguem cautelosos, principalmente devido à incerteza sobre o tamanho da próxima safra. Esse comportamento reflete-se tanto nas negociações do café disponível quanto nas posições com a safra nova.
Possíveis Ajustes no Mercado e Fatores Determinantes
Barabach destaca que, embora o mercado esteja suscetível a correções devido às pressões financeiras e técnicas, uma alteração mais drástica só ocorrerá com uma mudança nas perspectivas de produção, que traria maior estabilidade ao abastecimento. Uma possível mudança de narrativa pode surgir com a chegada da nova safra brasileira ou com a projeção de uma safra robusta no Vietnã no final do ano. No entanto, qualquer impacto substancial provavelmente ocorrerá no segundo semestre de 2025, à medida que as expectativas para a safra de 2026 começarem a ser formadas. No entanto, essa mudança dependerá de condições climáticas mais favoráveis em comparação com 2024.
Fatores como o comportamento do dólar, a produção de robusta no Vietnã e na Indonésia, e a demanda mundial seguirão influenciando a curva de preços ao longo de 2025. Contudo, o fator mais determinante, especialmente para o arábica, será o tamanho da próxima safra brasileira. A seca histórica que afetou o Sudeste do Brasil, principalmente os estados de São Paulo e Minas Gerais, comprometeu a florada de outubro, prejudicando o potencial de produção.
Projeções de Safra e Impactos no Mercado
A Safras & Mercado projeta uma safra de 38,35 milhões de sacas de arábica no Brasil para o ciclo 2025/26, um volume que só supera o ciclo de 2021/22, que também foi impactado por seca e geada. Por outro lado, a produção de conilon (robusta) tem perspectivas mais otimistas, com estimativas variando entre 22 e 25 milhões de sacas. A previsão preliminar da Safras & Mercado é de 24,10 milhões de sacas, embora o otimismo dependa de condições climáticas favoráveis no início de 2025.
A previsão geral de produção de café no Brasil em 2025/26 é de 62,45 milhões de sacas, o que representa uma queda de 5% em relação à safra de 2024/25. A maior redução está na produção de arábica, que deve ter uma queda estimada de 15%.
Mercado Sustentado por Estoques Baixos e Agressividade Compradora
A expectativa de uma produção reduzida no Brasil em 2025, aliada a estoques baixos e uma demanda agressiva, gera instabilidade no equilíbrio entre oferta e demanda. Esse cenário tem contribuído para a manutenção dos preços elevados, com a indústria permanecendo ativa no mercado, buscando formar estoques de proteção devido à preocupação com o abastecimento futuro.
Fonte: portaldoagronegocio