Apesar de uma certa cautela predominante no mercado, os criadores de bezerros estão otimistas quanto a uma possível recuperação no segundo semestre de 2024. Segundo dados da Esalq/Cepea, o valor médio pago por bezerros desmamados aumentou 1,5% entre setembro de 2023 e julho deste ano, passando de R$ 1.982,41 para R$ 2.011,77 na praça de Mato Grosso do Sul.
Henrique Catenacci, diretor da Fazenda 3R, localizada em Figueirão, Mato Grosso do Sul, e renomada pela produção de bezerros, acredita em uma tendência de alta. De acordo com Catenacci, o volume de abates de fêmeas, que teve um pico no fim do ano passado, está se estabilizando. “Desde o início da safra passada, os abates vêm se mantendo constantes. Há até informações de que está ficando um pouco mais difícil encontrar fêmeas para abate. A seca atual também impacta, forçando o pecuarista a abater animais gordos que acabaram de ser desmamados ou a segurar na fazenda, vendendo-os a preços baixos se necessário”, explica Catenacci. “O que observo é que o movimento de aumento no abate de fêmeas está estagnando, o que é um sinal positivo. Acredito que a virada no preço do bezerro, como visto um ou dois anos atrás, poderá ocorrer na desmama do próximo ano. No curto prazo, especialmente durante a seca, não vejo muito potencial de crescimento.”
Marcos Chesi, também diretor da Fazenda 3R, complementa que muitos pecuaristas estão ajustando suas estratégias de venda devido ao clima e à base de troca do boi gordo. “A seca intensifica a necessidade de abate imediato para aqueles que não podem manter os animais na fazenda. Contudo, com a estabilização dos abates de fêmeas e uma possível melhora no clima, acreditamos que o mercado de bezerros começará a se recuperar com mais força no próximo ano.”
A propriedade, que vendeu bezerros em maio deste ano a R$ 10,95 o quilo vivo, cerca de 40% acima da média do mercado, destaca que um dos diferenciais para garantir um bom preço está na lucratividade que o animal proporciona ao recriador. “O mercado se ajusta de várias maneiras, mas definitivamente, quando você entrega um animal que traz um bom retorno financeiro para o recriador, o preço mais alto é justificado. Isso só é possível com investimentos em ferramentas e tecnologias que melhorem a genética”, conclui Chesi.
Fonte: portaldoagronegocio