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Agronegócio

Perspectiva sombria para a piscicultura na Amazônia: Estudo alarmante aponta desafios e ameaças

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O cultivo de peixes nativos na Amazônia, apesar de seu potencial econômico e baixo impacto ambiental, tem sido negligenciado pelos governos federal e estaduais. Um estudo inédito do Instituto Escolhas, intitulado “Solução debaixo d’água: o potencial esquecido da piscicultura amazônica”, lançado nesta quinta-feira (08/08), apresenta um panorama detalhado da piscicultura de espécies nativas nos nove estados da Amazônia Legal.

O estudo revela que há 76.942 hectares de lâmina d’água na região e 61.334 empreendimentos de piscicultura, um número 39% superior ao indicado pelo Censo Agropecuário. Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, observa que a ausência de dados robustos e atualizados sobre o setor reflete a falta de atenção pública voltada para a piscicultura.

De acordo com o estudo, a piscicultura amazônica é economicamente viável e utiliza até 10 vezes menos espaço para produzir a mesma quantidade de carne que a pecuária extensiva. Além disso, pode gerar uma renda significativa, principalmente para pequenos produtores, que representam 95,8% das propriedades mapeadas. Para sustentar a relevância regional e aumentar a competitividade nacional, a atividade precisa expandir seus mercados.

“O avanço no mercado nacional depende da superação de dois principais desafios: resolver problemas de baixa produtividade, como a falta de assistência técnica adequada, e aumentar a produção, que tem variado entre 160 mil e 175 mil toneladas anuais desde 2015. Em comparação, o estado do Paraná, maior produtor nacional, produziu 150 mil toneladas em 2022”, afirma Leitão. Rondônia lidera a produção regional, com 57,2 mil toneladas também em 2022.

O estudo também aponta que, em média, 19% das áreas dos empreendimentos de piscicultura na Amazônia estão inativas, com esse percentual atingindo 20% nas pequenas propriedades. Esta inatividade decorre do baixo retorno financeiro, tornando o investimento em manutenção não compensador. Estados como Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima apresentam baixa produtividade (2,5-4,9 toneladas de peixe/hectare/ano), indicando potencial para aumento da produção local sem expansão da lâmina d’água, mediante reativação de áreas inativas e melhorias na produtividade.

A dificuldade no acesso ao crédito, exacerbada pela necessidade de regularização dos empreendimentos, também é um obstáculo significativo. Em 2022, foram destinados pouco mais de R$ 189 milhões (28,4% do total nacional) para a piscicultura na Amazônia Legal, com apenas R$ 5,3 milhões (10,5% do total nacional) em investimentos.

Além da carência de dados, saturação do mercado regional e baixa produtividade devido à falta de assistência técnica e infraestrutura, o estudo aponta dois fatores adicionais para a situação atual da piscicultura amazônica: o desinteresse dos governos estaduais e federal em reconhecer e investir no potencial do setor e a defasagem do marco regulatório em alguns estados. O estudo prevê um crescimento modesto, de 175 mil toneladas para 183 mil toneladas nos próximos dez anos, representando um aumento de apenas 4,6%.

Leitão conclui: “Temos milhares de pequenos piscicultores na Amazônia que continuam atuando apesar da falta de assistência técnica e infraestrutura e da ausência de visão dos governos locais sobre o potencial desta cadeia produtiva e sua importância regional.”

 Íntegra do Estudo

Fonte: portaldoagronegocio

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