Segundo ele, o Brasil, que atualmente ocupa a segunda colocação nas exportações de algodão, conseguirá ultrapassar os EUA quando fizer maior uso da irrigação no sistema de produção, que proporcionará uma segunda safra de algodão mais pujante, principalmente em MS.
“Se inserirmos irrigação, mantendo a soja como primeira safra e carro chefe da propriedade, podemos crescer no algodão com maior segurança”, explica o Hoffmann. Apesar do maior volume na segunda safra, o número é puxado pelo estado de Mato Grosso, uma vez que 87% da sua produção está concentrada na segunda safra. Já o Mato Grosso do Sul, por exemplo, só produz 6% do seu algodão durante o segundo ciclo, São Paulo é 11%, Minas Gerais 20%, Maranhão 21% e Goiás 23%. Estados como Piauí e Bahia produzem algodão apenas na primeira safra.
“Há um destaque que merece atenção: a implementação da irrigação, como uma ferramenta estratégica para a segurança no processo do sistema produtivo com a cultura do algodão. Em regiões onde as variações climáticas podem impactar significativamente a produção, a irrigação se mostra essencial para manter a qualidade e a quantidade da colheita. Além disso, esse enfoque na irrigação contribui para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos, garantindo sustentabilidade a longo prazo”, explica Hoffmann.
A adoção de práticas inovadoras, como a captação de água da chuva e a criação de represas, tem sido discutida como uma maneira de impulsionar a produtividade e a resiliência da produção de algodão. Embora reconhecendo a necessidade de ajustes na legislação, especialistas enfatizam que essa abordagem poderia fortalecer a posição do Brasil, como um dos principais produtores globais de algodão de alta qualidade.
“É essencial a implementação de políticas públicas e incentivos à irrigação. O Mato Grosso do Sul é um exemplo de estado com muitas áreas propícias ao cultivo, especialmente na região leste, onde grande volume de solos favoráveis. Municípios como Nova Andradina, Bataguassu, Selvíria, Aparecida do Taboado e Três Lagoas possuem solos com teores de argila entre 15% e 30%. No entanto, esses locais frequentemente enfrentam escassez de chuvas. Nesse contexto, a irrigação emerge como uma ferramenta crucial para assegurar o processo, uma vez que o algodão é uma cultura de alto custo, não tolerando riscos hídricos. Adequada adubação, disponibilidade de água e cuidados fitossanitários são fundamentais”, completa o diretor da Ampasul.
No decorrer do Seminário, promovido pela Embrapa, Abrapa – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, Hoffmann também destacou o desempenho do algodão nacional. Segundo ele, tanto os produtores quanto a indústria têm se destacado globalmente, não somente por alcançar altos níveis de produtividade, mas por demonstrarem comprometimento com a sustentabilidade, rastreabilidade de mercado e a busca por oportunidades de abertura em mercados externos. Países como Turquia, Paquistão, China, Índia, Bangladesh, Tailândia, Indonésia, Vietnã e Coreia do Sul foram citados como alvos para as exportações do algodão brasileiro até o ano de 2025.
O II Simpósio sobre Sistemas Intensivos de Produção, continua sua programação até a próxima quinta-feira (17), abordando tópicos relacionados a serviços ambientais, manejo fitossanitário, desafios climáticos e sistemas de integração e diversificação de culturas.
Fonte: portaldoagronegocio