A empresa brasileira de defensivos agrícolas Ourofino Agrociência registrou lucro líquido ajustado de R$ 234,2 milhões no ano fiscal 2022/23. O valor representa um aumento de 68,6% em comparação ao período anterior (2012/22), conforme dados de balanço antecipados à Globo Rural.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 314,1 milhões, com alta de 78,6% em relação ao período anterior. Na mesma base de comparação, a receita líquida avançou 14,4%, para quase R$ 2 bilhões.
Em entrevista à Globo Rural, o CEO da Ourofino, Marcelo Abdo, disse que o momento é de solidez para a empresa, o que permite um plano de expansão seguro, com foco em patentes próprias, novos inseticidas, herbicidas e fungicidas.
De acordo com o executivo, as margens de lucratividade tendem a ser menores quando não se tem patentes de produtos.
Por isso, disse ele, para se diferenciar, desde 2017 a empresa aposta em produtos “reimaginados” – que são manipulados a partir de princípios ativos já existentes no mercado, mas aprovados por institutos de pesquisa no Brasil.
Agora, a Ourofino quer dar um salto nos próximos anos e ganhar mercado no segmento de produtos com patente própria por meio de pesquisas para formulação com moléculas exclusivas, entre elas uma sul-coreana. Para isso, destina 3% do faturamento para inovação científica.
“O resultado de lucro já é em função disso — produtos especiais e moléculas novas que elevam a margem da empresa. As despesas continuam altas, mas esta é uma forma de preparar os investimentos futuros e estabilizar o negócio”, afirmou.
Outro fator que tem contribuído para os resultados, segundo ele, é a sociedade com a trading japonesa Mitsui e a ISK, especializada em pesquisa e desenvolvimento de agroquímicos, que em 2019 compraram participação de 20% e 5%, respectivamente, na Ourofino.
O executivo projeta uma receita bruta de R$ 2,6 bilhões no próximo ano fiscal para a empresa. Para o período 2026/27, a meta é alcançar R$ 4,5 bilhões.
Há dois anos e meio no cargo, Abdo disse que, diante do mercado instável e dependente da China — uma das maiores fornecedoras de insumos ao setor — , a meta é melhorar a operação no país.
Um dos gargalos no Brasil é a estocagem, por isso, a empresa investiu R$ 23 milhões na construção de armazéns para inseticidas em sua unidade de Uberaba (MG). Uma fatia de R$ 13,2 milhões foi destinada à instalação da terceira linha de envase de herbicidas líquidos.
Logística
A logística também é um dos temas prioritários na Ourofino, sobretudo após o episódio do bloqueio do Canal de Suez, no Egito, em março de 2021, que afetou os resultados da empresa no ano fiscal 2021/22.
Pelo Canal, eram transportados os ativos importados pela empresa da China. Na época, o custo do frete marítimo subiu e prejudicou o abastecimento da cadeia global.
“Os navios da China não chegavam. Além disso, o país registrava altos índices de poluição, enquanto ocorriam as Olimpíadas de Inverno, o que fez o governo chinês adotar uma política de paralisação das fábricas de insumo para diminuir o problema. Tudo isso teve forte impacto no nosso custo”, analisou Abdo.
Fonte: portaldoagronegocio