O Paraná se destaca com um dos mais eficazes sistemas de monitoramento da ferrugem-asiática da soja no Brasil, denominado Alerta Ferrugem. Anualmente, produtores, extensionistas, pesquisadores e estudantes se mobilizam em torno dos coletores de esporos do fungo responsável pela doença, instalados em diversas localidades do estado. Esses equipamentos são fundamentais para detectar a chegada dos primeiros esporos da ferrugem nas lavouras, permitindo aos agricultores determinar o momento ideal para a aplicação de fungicidas.
Nos últimos anos, aqueles que seguiram as recomendações do Alerta Ferrugem conseguiram, em média, reduzir em 35% o número de aplicações de fungicidas, resultando em uma diminuição significativa nos custos de produção e na mitigação dos impactos ambientais. Até o momento, foram instalados 85 coletores de esporos, com a expectativa de que esse número alcance 200 nos próximos meses.
Edivan José Possamai, coordenador estadual do programa Grãos Sustentáveis do IDR-Paraná, ressalta que a cada ano o comportamento da ferrugem-asiática varia em função das condições climáticas, tornando essencial o monitoramento constante. Ele explica que, semanalmente, extensionistas e parceiros realizam a leitura das lâminas dos coletores, localizados em propriedades de agricultores colaboradores. Esse procedimento permite identificar o momento exato da chegada dos esporos na lavoura, município ou região, e determinar se é o tempo adequado para aplicar o fungicida. “Isso evita a aplicação desnecessária do produto quando a doença ainda não se estabeleceu, eliminando desperdícios, ou a aplicação tardia, que pode resultar em perdas de produtividade”, destaca Possamai.
Durante anos influenciados pelo fenômeno La Niña, que traz condições mais secas, a ferrugem-asiática costuma aparecer mais tarde e com menor agressividade. No ano passado, os primeiros esporos foram registrados no dia 30 de outubro. “Este ano há indícios semelhantes, mas é imprescindível continuar o acompanhamento”, observa Possamai. O Alerta Ferrugem é implementado em parceria com a Embrapa-Soja e o Sistema Faep/Senar-PR, entre outros colaboradores. As informações são divulgadas no site do IDR-Paraná (idrparana.pr.gov.br), na seção Alerta Ferrugem, com atualizações semanais. Além disso, os extensionistas disseminam informações por meio de grupos de WhatsApp, orientando os produtores sobre o momento ideal para o controle e os produtos mais eficazes contra a doença.
Inteligência Artificial no monitoramento
Nos últimos anos, o IDR-Paraná firmou uma parceria com a UTFPR, Campus de Cornélio Procópio, para integrar a Inteligência Artificial (IA) na automação da identificação dos esporos. Nesta safra, a tecnologia começará a ser validada em campo. Atualmente, as lâminas coletadas são analisadas por profissionais especializados, o que encarece o processo. Com a implementação da IA, as análises passarão a ser realizadas por um software, o que permitirá aumentar o número de coletores em operação e aprimorar a identificação dos esporos da ferrugem-asiática. “A longo prazo, seremos capazes de identificar também esporos de outras doenças de plantas enquanto analisamos os da ferrugem”, ressalta Possamai. Este projeto é desenvolvido em conjunto com o CIA-Agro (Centro de Inteligência Artificial no Agro), uma iniciativa do governo estadual no âmbito dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPI) do Paraná. O centro visa promover o desenvolvimento social e técnico por meio da aplicação da IA no setor agropecuário, preparando o estado para a transformação digital no agronegócio, uma das principais forças econômicas do Paraná.
Fonte: portaldoagronegocio
