A irrigação por gotejamento é reconhecida como uma das mais inovadoras soluções para o campo, porém, ainda carrega mitos que podem prejudicar sua utilização. Em momentos de calor intenso e escassez de chuvas, surgem dúvidas sobre a eficácia do sistema, levando muitos produtores a decisões equivocadas. O engenheiro agrônomo Elídio Torezani, diretor da Hydra Irrigações, esclarece as principais dúvidas sobre essa tecnologia e os erros que comprometem seus resultados.
Mito 1: A irrigação por gotejamento não atende à demanda hídrica da planta
Durante ondas de calor intenso, é comum acreditar que o sistema de gotejamento não consegue suprir a necessidade de água das plantas. No entanto, Torezani explica que essa visão é equivocada, pois o sistema entrega água de forma localizada e diretamente nas raízes, o que é mais eficiente do que os sistemas convencionais. Em condições climáticas extremas, a transpiração da planta diminui naturalmente, o que torna impossível para qualquer sistema de irrigação – seja por gotejamento ou aspersão – atender totalmente às necessidades da planta. “A capacidade de transpiração real da planta em temperaturas extremas é muito inferior à sua capacidade potencial”, afirma o especialista.
Mito 2: Sistemas de aspersão são mais eficazes que o gotejamento
Alguns produtores, diante de períodos de seca, cogitam substituir o gotejamento por sistemas de aspersão. Contudo, Torezani alerta que essa troca não resolve o problema. O solo cultivado com café conilon, por exemplo, tem baixa retenção de água, exigindo sistemas com aplicação mais frequente e em menores volumes, o que não é compatível com a aspersão. “O gotejamento é incomparavelmente mais eficiente, desde que o projeto e o manejo sejam feitos corretamente”, garante o agrônomo.
Mito 3: O sistema de gotejamento gasta mais água
Na realidade, o gotejamento é o sistema mais econômico no uso da água. Como a água é fornecida diretamente às raízes, ela atende exatamente às necessidades da planta, sem desperdícios. O sistema minimiza a evaporação e o escoamento superficial, fatores comuns em outros tipos de irrigação.
Mito 4: O gotejador deve ficar diretamente sob a planta
Posicionar o gotejador diretamente sob a planta é um erro que pode comprometer a eficiência do sistema. A definição do espaçamento e da vazão dos gotejadores deve ser feita com base no “Teste de Bulbo”, que avalia a movimentação da água no solo. Gotejadores muito próximos uns dos outros resultam em excessiva aplicação de água, o que pode levar ao encharcamento e desperdício de nutrientes. Além disso, esse posicionamento pode tornar as plantas mais vulneráveis a doenças e deficiências nutricionais.
Verdade: A falta de capacitação é um dos maiores problemas
A falta de conhecimento técnico e de treinamento adequado é um dos principais fatores que levam à frustração com a irrigação por gotejamento. “Sem um projeto bem elaborado e manejo adequado, os resultados não serão satisfatórios”, explica Torezani. Muitos produtores, por não conhecerem o potencial do sistema, acabam criando uma percepção equivocada de sua ineficiência.
Como resolver?
Investir em capacitação técnica e em projetos de qualidade é essencial para otimizar os benefícios do gotejamento. Quando implementado corretamente, o sistema de gotejamento é a tecnologia mais eficiente para economizar água e aumentar a produtividade no campo. “Desmistificar esses equívocos é fundamental para que os produtores aproveitem todo o potencial do gotejamento”, conclui o especialista.
Fonte: portaldoagronegocio