Relatório publicado pela ResearchAndMarkets estima que o mercado global de biorrefinarias para produção de diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) deve alcançar US$ 1,4 trilhão até 2030, crescendo a uma taxa anual de 10,6% entre 2022-2030.
No ano passado, esse mercado foi calculado em US$ 647,2 bilhões.
A biotecnologia industrial, um dos segmentos analisados no relatório, está projetada para registrar um CAGR de 9,7% e atingir US$ 724,5 bilhões até o final do período de análise.
A China lidera o avanço no biorrefino, com uma previsão de crescimento de 11,7% ao ano, alcançando US$ 239 bilhões até 2030.
Em seguida, vem os Estados Unidos, onde o mercado deve valer US$ 182,8 bilhões até 2030.
Um fator que promete impulsionar a indústria é a Lei de Redução da Inflação (IRA) sancionada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, no ano passado, com incentivos à produção de SAF. A meta é atender 100% da demanda de combustível de aviação doméstica com o biocombustível até 2050.
No horizonte até 2030, a ambição do governo Biden é ter 3 bilhões de galões de SAF com custo competitivo disponível para os operadores de aeronaves, que terão de substituir 10% do querosene fóssil.
Outros mercados destacados pelo relatório são Japão e Canadá, cada um com previsão de crescimento de 8,3% e 9,1%, respectivamente, no período 2022-2030. Dentro da Europa, a Alemanha está prevista para crescer aproximadamente 11,5% ao ano.
Em abril, a União Europeia fechou um acordo para estabelecer metas obrigatórias para as companhias aéreas no bloco aumentarem o uso de SAF. A proposta olha tanto oferta quanto demanda, e cria metas de fornecimento e uso a partir de 2025.
O mandato começa com pelo menos 2% dos combustíveis de aviação cumprindo requisitos “verdes”, com a parcela aumentando a cada cinco anos: 6% em 2030, 20% em 2035, 34% em 2040, 42% em 2045 e 70% em 2050.
Essa jornada de países e empresas em direção à descarbonização deve fazer a demanda pelo SAF saltar nos próximos anos, saindo de pouco mais de 300 milhões de litros em 2022, para cerca de 20 bilhões de litros em 2030, segundo estimativas da indústria.
Em todo o mundo, a partir de 2027, o transporte aéreo internacional precisará cumprir um acordo de descarbonização (Corsia) que prevê o uso de combustíveis de baixo carbono.
Mercado brasileiro
Por falar em SAF, a Latam recebeu no Brasil, hoje (14/7), sua primeira aeronave abastecida com 30% de bioquerosene, produzido a partir de óleo de cozinha usado.
A aeronave Airbus A320neo decolou do aeroporto de Toulouse, na França, e desembarcou em Fortaleza, no Ceará, num voo com uma pegada de carbono cerca de 80% menor do que uma viagem tradicional com querosene fóssil.
A Latam espera ter pelo menos 31 aviões da família A320neo em operação até o final de 2023 e mais de 100 até 2030. Faz parte do compromisso da companhia em alcançar 5% de uso de SAF até o fim da década e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
A empresa acredita que América do Sul tem um grande potencial no fornecimento de SAF, mas reconhece que a disponibilidade ainda é um desafio.
O avião da Latam pousou no Brasil justamente em um momento em que o governo discute um marco legal para incentivar a demanda e a produção desses biocombustíveis para atender à demanda da aviação.
Previsto para ser apresentado oficialmente ao Congresso Nacional em agosto, o projeto de lei do Executivo para o programa Combustível do Futuro deve propor aos operadores aéreos um mandato de redução das emissões de CO2 em 1%, no mínimo, a partir de 1º de janeiro de 2027, em voos domésticos, usando SAF misturado ao querosene fóssil.
Fonte: portaldoagronegocio