O relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, revelou que analistas do mercado financeiro elevaram pela sexta vez consecutiva a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. As expectativas de inflação também foram revisadas para cima para os anos de 2025 e 2026, assim como para a cotação do dólar.
Conforme o levantamento, que reflete a percepção de aproximadamente 100 economistas sobre indicadores econômicos, a mediana das projeções para a inflação em 2024 subiu de 4,59% para 4,62%. Para 2025, a expectativa aumentou pela quarta vez consecutiva, passando de 4,03% para 4,10%. Já para 2026, os analistas elevaram a projeção de 3,61% para 3,65%.
Inflação Acima da Meta e Pressões Externas
O centro da meta de inflação do governo brasileiro é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O reajuste nas expectativas ocorreu após a divulgação do IPCA de outubro, que revelou uma aceleração dos preços acima do esperado, com o índice registrando alta de 0,56% no mês, contra 0,44% em setembro. No acumulado de 12 meses até outubro, o IPCA subiu 4,76%, superando o teto da meta e marcando o maior avanço desde outubro do ano passado.
Além dos efeitos internos, como a expectativa por medidas do governo para equilibrar as contas públicas, o mercado também observa o cenário internacional. A recente vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições primárias dos Estados Unidos tem impulsionado o valor do dólar. Segundo analistas, as propostas econômicas do republicano, especialmente no tocante a tarifas comerciais, poderiam aumentar a inflação e manter os juros elevados, valorizando a moeda americana.
Dólar e PIB Estáveis, Juros em Elevação
No câmbio, a previsão para a cotação do dólar no final de 2024 foi elevada de R$ 5,50 para R$ 5,55, enquanto para 2025 a projeção passou de R$ 5,43 para R$ 5,48. Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa do mercado permanece em 3,10% para 2024, com uma leve elevação na projeção para 2025, que passou de 1,93% para 1,94%.
Já a taxa básica de juros, a Selic, teve a expectativa de alta mantida em 11,75% para o final de 2024 e 11,50% para 2025. Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) intensificou o ritmo de aperto monetário, elevando a Selic em 50 pontos-base, após um aumento de 25 pontos-base em setembro, colocando a taxa em 11,25%.
Essas projeções refletem as incertezas e pressões, tanto internas quanto externas, que influenciam a economia brasileira, mantendo a inflação sob controle e ajustando as expectativas do mercado.
Fonte: portaldoagronegocio