O mercado brasileiro de feijão carioca iniciou a semana com uma oferta predominantemente composta por sobras da semana anterior. De acordo com Evandro Oliveira, analista e consultor da Safras & Mercado, a demanda por feijões comerciais aumentou durante a madrugada, resultando em escassez de estoque, enquanto a maioria das ofertas era de feijões classificados como extra. A queda nos preços das lavouras na última semana afetou o mercado, com o preço máximo das sacas de feijão carioca da cultivar Dama (nota 9,5) situando-se em R$ 245,00, com poucos negócios concretizados a esse valor. Para a cultivar Dama (nota 9), o preço máximo foi de R$ 225,00 por saca, com vendas pontuais.
Oliveira atribui a retração na demanda a vários fatores, destacando que a corrida aos supermercados em maio e junho, impulsionada por uma polêmica em torno do arroz, resultou em estoques elevados de feijão e arroz. Consequentemente, julho registrou vendas fracas. As expectativas agora se voltam para agosto, na esperança de uma recuperação gradual da demanda.
A terceira safra de feijão, com uma oferta de alta qualidade e escurecimento lento, está entrando no mercado, principalmente em regiões como Minas Gerais, Goiás e Bahia. Contudo, o escoamento lento do produto da segunda safra, ainda disponível em grandes quantidades, continua desafiando o equilíbrio entre oferta e demanda.
Na metade desta semana, observou-se um movimento inicial de elevação nas pedidas por parte dos corretores durante a madrugada. No entanto, os compradores optaram por aguardar devido aos preços mais altos, resultando em negociações não concretizadas. “Os corretores, tentando recuperar prejuízos recentes, adotaram uma postura cautelosa, evitando operar com grandes volumes físicos e limitando suas ofertas. Ofertas destacadas incluíram uma carga de feijão extra da cultivar Dama, com pedida de R$ 260,00 por saca, feijões nota 7,5 com pedida de R$ 185,00 por saca, e feijões nota 8 com pedidas alcançando até R$ 205,00 por saca,” afirma Oliveira. Nas regiões produtoras, o mercado manteve-se estável e com pouca movimentação.
Após a quarta-feira, o mercado mostrou sinais de estagnação, com ofertas consistindo exclusivamente de feijão carioca extra, nota 9,5 EL, com pedida de R$ 10,00 a mais por saca, porém sem concretização de negócios. “Corretores possuíam amostras para embarque oriundas de Minas Gerais, Goiás e Paraná, todas com pedida de R$ 10,00 a mais por saca. Observou-se uma retração dos produtores nas lavouras devido aos valores mais baixos praticados, resultando em um mercado arrastado. Apesar das pedidas elevadas, a ausência de uma reação significativa na demanda colocou os corretores em um cenário desafiador, com falta de contrapropostas por parte dos compradores,” justifica.
A estagnação foi especialmente perceptível quando os vendedores começaram a elevar suas pedidas. Compradores relataram dificuldades em fechar negócios por menos de R$ 180,00 por saca para feijões padrão 7,5, enquanto os grãos nota 8, anteriormente ofertados a R$ 190,00 por saca, agora apresentavam pedidas que poderiam chegar a R$ 210,00 por saca, especialmente para a cultivar Dama. A retração dos feijocultores manteve os preços firmes, e corretores ofertaram feijão extra com preços entre R$ 255,00 e R$ 260,00 por saca.
Feijão Preto
No mercado de feijão preto, Oliveira aponta que a semana teve rumores sobre uma carga de feijão preto extra sendo negociada na faixa de R$ 280,00 por saca, possivelmente concretizada ao longo do dia. Lotes mais comerciais variaram entre R$ 250,00 e R$ 270,00 por saca, refletindo um mercado em espera, com ajustes de preços devido à falta de liquidez e negociações substanciais.
“Na sequência, apenas uma carga de feijão preto de padrão comercial foi exposta, com preço pedido de R$ 250,00 por saca durante as madrugadas. A ausência de transações significativas destacou a falta de interesse imediato dos compradores, mantendo o mercado estático. Corretores podem escoar ofertas de feijões extra se surgirem demandas específicas, mas a falta de demanda concreta impede a fluidez do mercado,” afirma Oliveira.
Os preços se mantiveram firmes, variando entre R$ 295,00 e R$ 305,00 por saca para feijões extra. Para grãos comerciais, os valores ficaram entre R$ 230,00 e R$ 250,00 por saca. Embora os compradores saibam onde encontrar essas ofertas, a demanda retraída representa um obstáculo. O analista estima que, com isso, o mercado começou a mostrar sinais de encerramento da semana, mantendo preços nominais, mas sem maior fluidez nas vendas. Corretores e produtores estão cautelosos, esperando uma possível reação na demanda para ajustar estratégias de venda e preços. No pós-pregão da quinta-feira, apenas lotes pontuais de feijões extra foram comercializados a R$ 295,00 por saca. No Sul do Brasil, ofertas variaram entre R$ 260,00 e R$ 270,00 por saca. “Produtores de feijão preto mostram pouco interesse em vender nesses níveis, preferindo aguardar melhores oportunidades de mercado. Esse comportamento é mais evidente agora, onde surgem sinais de recuperação. A retração dos produtores mantém os preços firmes, indicando uma possível elevação futura, conforme a demanda gradualmente se fortaleça,” completa.
Fonte: portaldoagronegocio