O mercado de feijão no Brasil segue em equilíbrio, com preços estáveis e negociações pautadas por modelos que buscam otimizar os custos, como os embarques casados. Entretanto, a atenção do setor está voltada para o impacto da entressafra e as perspectivas de demanda nos próximos dias, fatores que têm o potencial de modificar significativamente a dinâmica de preços e a disponibilidade do produto no curto prazo.
Feijão Carioca
No segmento do feijão carioca, os preços se mantiveram estáveis durante a última semana, com as variações sendo fortemente influenciadas pela qualidade dos grãos. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a maior parte da oferta consiste de feijões de qualidade intermediária (notas 8 e 8,5), com os preços médios variando entre R$ 170,00 e R$ 230,00 por saca FOB. Já os grãos de qualidade superior (notas 9 e 9,5) continuam escassos e, por consequência, apresentam valores mais elevados, com destaque para a saca de nota 9,5, cotada a R$ 270,00, e a saca de nota 9, ajustada para R$ 240,00, conforme a variação da oferta e da demanda.
Oliveira observa que a demanda está centrada em feijões comerciais de preços mais acessíveis (R$ 145,00 a R$ 180,00 por saca), porém a escassez de grãos sem defeitos tem limitado as negociações mais expressivas. “Esse cenário reflete diretamente na estratégia comercial predominante, com o mercado se adaptando ao formato de embarques casados, o que permite reduzir os custos com armazenamento. Contudo, as negociações diretas seguem limitadas, com apenas uma parte dos lotes sendo comercializada”, analisa o especialista.
Feijão Preto
O mercado de feijão preto também se encontra estável, com preços variando de R$ 180,00 a R$ 200,00 por saca para feijões comerciais, e alcançando R$ 220,00 por saca para os grãos de qualidade extra. Da mesma forma que no mercado do feijão carioca, as negociações estão concentradas no modelo de embarque, que proporciona maior praticidade logística e diminui os custos envolvidos.
“A baixa movimentação física do mercado reflete a seletividade dos compradores, que permanecem cautelosos diante das condições do mercado e das expectativas em relação às novas colheitas”, observa o analista. No atacado, os preços do feijão preto começaram a recuar levemente em São Paulo, acompanhando a intensificação da colheita nos estados do Sul. O preço do feijão extra novo caiu de R$ 240,00 para R$ 236,00 por saca, uma redução de R$ 4,00 por saca.
Projeções para o Futuro
Janeiro é tradicionalmente um mês de colheita para os feijões carioca e preto, com uma oferta confortável, especialmente no caso dos grãos de qualidade intermediária. No entanto, as projeções indicam um possível vazio na oferta após meados de fevereiro, com o início da entressafra. Esse cenário pode pressionar o mercado nas próximas semanas, especialmente caso a demanda se intensifique.
Impacto Climático
Além disso, as condições climáticas também têm afetado a qualidade dos grãos, restringindo a oferta de feijão de alta qualidade (notas 9 e 10). “Esse fator, combinado com a expectativa de uma diminuição no volume colhido, reforça a necessidade de monitorar a evolução da colheita e os indicadores de demanda para ajustar as estratégias comerciais de forma eficaz”, conclui Oliveira.
Fonte: portaldoagronegocio