A última semana foi marcada por quedas nas cotações do feijão carioca, com algumas variações entre categorias, conforme relatado pelo analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira. Apesar de uma entrada pontual de feijão de alta qualidade, o mercado mostrou uma tendência geral de desaceleração, refletindo uma menor demanda e o clima desfavorável no Sul do país.
Um dos eventos mais significativos foi a oferta de um lote de feijão carioca extra nota 9,5 EL, proveniente do sul de Minas, negociado a R$ 330,00 por saca, mais despesas. Essa entrada impulsionou momentaneamente o mercado, destacando a presença de compradores interessados em produtos de alta qualidade. Além disso, lotes de feijão extra Dama foram negociados a R$ 335,00 por saca, indicando uma procura estável por grãos de qualidade superior.
Os feijões de padrão extra, como outras sementes, mantiveram-se estáveis, com preços variando entre R$ 240,00 e R$ 265,00 por saca. No entanto, nos padrões comerciais, a oscilação foi maior, com cotações entre R$ 155,00 e R$ 170,00 por saca para padrões entre 6,5 e 7, e até R$ 220,00 para padrões 8.
O estado do Paraná foi o maior fornecedor, com contribuições de Santa Catarina e Minas Gerais. A distribuição geográfica das ofertas demonstra como as condições de cultivo afetam o mercado. No entanto, a semana terminou com pouca movimentação, revelando um cenário desafiador para os vendedores, que enfrentaram dificuldade para estimular a atividade comercial.
Essa lentidão no mercado está relacionada a problemas como a baixa demanda e a presença de feijões de baixa qualidade, que influenciam os preços. “A presença de grãos com defeitos levou a uma maior oferta a preços abaixo do custo de produção”, disse Oliveira.
O consultor também comentou sobre a recente sugestão do Governo Federal de importar feijão para conter o aumento dos preços devido aos temporais no Rio Grande do Sul. Para ele, a importação agora seria prejudicial, pois os produtores estão lutando com margens negativas e compradores cautelosos. “Um aumento nas importações só agravaria a situação dos produtores e desencorajaria a próxima safra”, explica.
A primeira safra de feijão de 2023/24 atingiu 86,2% da área no Brasil até 5 de maio, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse número mostra uma ligeira melhora em relação à semana anterior, quando a colheita havia atingido 83,3%.
No Rio Grande do Sul, as condições climáticas afetaram a segunda safra de feijão, com atividades de manejo e colheita interrompidas devido ao excesso de chuvas. As lavouras, que inicialmente se desenvolviam bem, foram prejudicadas pela alta umidade, impactando a qualidade dos grãos em estágio de maturação. Com uma área cultivada estimada em 19.900 hectares, a produtividade deve ser inferior à projetada.
Em resumo, o mercado brasileiro de feijão enfrenta desafios devido a uma combinação de fatores, incluindo baixa demanda, problemas de qualidade e condições climáticas adversas no Sul do Brasil. Enquanto a estabilização dos preços reflete a resiliência do setor, os obstáculos para escoamento e o incentivo ao consumo continuam preocupando os produtores.
Fonte: portaldoagronegocio