Desde o início de 2024, os preços da laranja destinada à indústria têm atingido patamares inéditos nos últimos 30 anos. De acordo com um levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, nesta semana, a fruta está sendo negociada a R$ 85,00 por caixa de 40,8 kg no estado de São Paulo, um recorde real desde o início da série histórica do Cepea, em 1994 (valores deflacionados pelo IGP-DI).
Pesquisadores do Cepea apontam que esse aumento é impulsionado tanto pela crescente demanda quanto pela oferta reduzida. A indústria precisa adquirir mais matéria-prima devido aos baixos estoques de suco de laranja. Por outro lado, a produção de laranja deve ser novamente baixa em São Paulo e no Triângulo Mineiro.
A menor produção na safra 2024/25 está ligada ao clima desfavorável durante o período de pegamento. A previsão de chuvas abaixo da média até outubro, conforme a Climatempo, pode agravar a situação.
Citricultores consultados pelo Cepea relataram que as chuvas e temperaturas amenas das últimas semanas trouxeram algum alívio, pois os pomares estavam debilitados pela seca e pelo calor intenso. Essas condições prejudicaram o desenvolvimento das laranjas, resultando em frutos de menor qualidade e tamanho.
Além disso, foi observado um aumento significativo na queda prematura de laranjas, especialmente em regiões com alta incidência de greening. Os pomares de sequeiro foram os mais afetados, embora os irrigados tenham conseguido manter um controle hídrico mais eficiente. Contudo, se a escassez hídrica persistir, a água para irrigação poderá ser racionada.
Estoques de Suco em Baixo Nível
Diante da previsão de baixa colheita de frutas em 2024/25, cálculos do Hortifrúti/Cepea indicam que, ao fim da safra (junho de 2025), os estoques de suco de laranja brasileiros poderão atingir níveis historicamente baixos, mesmo com a redução do volume exportado e a provável diminuição do mercado de mesa. Estas previsões são baseadas no consumo atual, não sendo possível prever mudanças caso os preços altos persistam.
Se esse cenário se confirmar, o abastecimento global de suco de laranja estará comprometido, já que o Brasil não possui concorrentes capazes de compensar o déficit na oferta nacional. Além disso, serão necessárias várias temporadas consecutivas de alta produção para recompor os volumes armazenados de suco.
Esta situação destaca a importância de monitorar de perto as condições climáticas e a saúde dos pomares, visto que ambos são cruciais para a recuperação da produção de laranja no Brasil.
Fonte: portaldoagronegocio