O Itaú revisou suas projeções para a taxa Selic, agora estimando que ela atinja 15,75% ao final de 2025, um aumento em relação à previsão anterior de 15%. A revisão reflete a recente desancoragem das expectativas de inflação e a deterioração do câmbio observada no último mês, fatores que indicam um aperto monetário mais intenso por parte do Banco Central.
Em dezembro, o Banco Central elevou a taxa Selic para 12,25% ao ano, com a sinalização de novos aumentos de 1 ponto percentual nas duas primeiras reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2025, levando a taxa a 14,25%. Desde então, as expectativas de inflação para 2025 e 2026 vêm se deteriorando. De acordo com a pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira, os analistas projetam uma alta do IPCA de 5,08% em 2025 e 4,1% em 2026, números acima das previsões anteriores, que apontavam 4,59% e 4%, respectivamente.
Em 18 de dezembro de 2024, o dólar atingiu um recorde histórico de 6,2679 reais, ampliando as preocupações dos agentes financeiros com a instabilidade macroeconômica, apesar de uma leve recuperação nos dias subsequentes. “A depreciação do real e a desancoragem das expectativas de inflação indicam a necessidade de aprofundar o ciclo contracionista”, afirmou Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú. Ele acrescentou que, caso ocorra nova desvalorização da moeda ou piora nas expectativas inflacionárias, a continuidade do ciclo de aumento de juros até 2026 não pode ser descartada.
Além dos ajustes já sinalizados pelo Banco Central, o Itaú projeta novas altas de 0,75 ponto percentual nas reuniões de maio e junho de 2025, elevando a taxa Selic para 15,25%. Para 2026, a expectativa é de que a taxa recua para 13,75%, de 13% anteriormente.
Em relação à inflação, o banco também revisou suas estimativas, agora prevendo uma alta do IPCA de 5,8% para 2025, 0,8 ponto percentual acima da previsão anterior. Para 2026, a expectativa de aumento do índice de preços passou de 4,3% para 4,5%.
O Banco Central tem como meta para a inflação uma taxa de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Já a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 foi mantida em 2,2%, enquanto a previsão para 2026 foi reduzida de 2% para 1,5%. A nota do Itaú alerta que o impacto da política monetária será mais pronunciado em 2026, e que existem incertezas sobre as reações das políticas fiscal e parafiscal frente à desaceleração econômica em um ano eleitoral.
Fonte: portaldoagronegocio