Mato Grosso do Sul está emergindo como um novo polo de investimentos em etanol de milho no Centro-Oeste do Brasil, seguindo os passos de Mato Grosso e Goiás. Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), os investimentos no setor no estado já somam R$ 4,6 bilhões, com a entrada em operação de uma nova usina este ano e a ampliação de outra em andamento.
Na última safra, as usinas de Mato Grosso do Sul produziram 3,9 bilhões de litros de etanol, combinando cana-de-açúcar e milho, de acordo com a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). A Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) estima que este volume será acrescido em cerca de 500 milhões de litros por temporada, projetando o estado para a disputa pela segunda posição na produção nacional de etanol em até três safras, segundo Amaury Pekelman, presidente da Biosul.
Atualmente, São Paulo lidera a produção brasileira com 11,9 bilhões de litros, seguido por Mato Grosso com 5,7 bilhões de litros, dos quais 4,5 bilhões são de milho. Goiás vem logo atrás com 5,5 bilhões de litros, incluindo 725 milhões de litros de etanol de milho.
Expansão em Goiás e Mato Grosso
Em Goiás, há previsão de novos investimentos em três indústrias de etanol de milho nos próximos três anos, envolvendo tanto novos projetos “greenfield” quanto ampliações, conforme André Rocha, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol de Goiás (Sifaeg). Estes investimentos devem aumentar a oferta goiana de etanol em 500 milhões de litros, com o estado já tendo recebido R$ 3,3 bilhões em investimentos até agora.
Mato Grosso, por sua vez, continua a expandir sua capacidade de produção. A FS, que já opera três usinas de etanol de milho, planeja construir mais três até 2027, adicionando 3 bilhões de litros por ano à oferta estadual. No curto prazo, três novas usinas entrarão em operação, com uma quarta prevista para 2025, totalizando investimentos de R$ 5 bilhões e adicionando 1,5 bilhão de litros por ano à capacidade instalada.
Competição e Incentivos
Amaury Pekelman, da Biosul, destaca a “competição saudável” no Centro-Oeste pelo aumento da oferta de etanol. O governo de Mato Grosso do Sul prevê que as indústrias de etanol de cana e milho investirão R$ 5,8 bilhões nos próximos anos, apenas na área industrial. A produtividade da cana no estado, atualmente estagnada em 85 toneladas por hectare devido à escassez de chuvas, tem potencial de crescimento no médio prazo, abrindo espaço para mais investimentos.
Em Goiás, o setor sucroalcooleiro já contratou investimentos de R$ 20 bilhões, englobando processamento de matéria-prima, reposição de frota e novas fábricas e refinarias de açúcar. A produção goiana deve aumentar em 200 milhões de litros nesta safra, impulsionada pela oferta adicional de milho.
Subproduto do Milho para Ração
Além do etanol, o subproduto do processamento do milho, conhecido como DDG, é de alto valor proteico e muito demandado na região, especialmente para alimentação de gado em confinamento. Segundo Silvio Rangel, presidente das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind), essa demanda também impulsiona a propagação de usinas de etanol de milho.
Guilherme Nolasco, presidente da Unem, ressalta a importância estratégica do etanol de milho no abastecimento, apontando que sem ele, haveria problemas de suprimento nesta safra e dificuldades em aumentar a mistura de etanol anidro na gasolina para 30%, como atualmente discutido pelo governo. Benefícios fiscais oferecidos pelos governos do Centro-Oeste ajudam a competir com o etanol produzido no Sudeste, compensando os custos de envio para São Paulo, o maior mercado consumidor.
Fonte: portaldoagronegocio