Os produtores de soja do Rio Grande do Sul enfrentam um cenário desafiador após as fortes inundações que atingiram o Estado. A tragédia climática não só colocou em risco a produção local, como também deve impactar a safra nacional. Segundo Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista e consultor da Safras & Mercado, a situação é preocupante e a estimativa inicial para a produção de soja gaúcha terá que ser revisada para baixo.
De acordo com Gutierrez Roque, cerca de 25% das lavouras ainda não foram colhidas, representando um volume de aproximadamente 5 milhões de toneladas que estão em risco. “Isso não significa que perdemos toda essa quantidade, mas é uma situação preocupante”, ressalta o consultor.
Além disso, algumas áreas onde a soja já havia sido colhida e armazenada foram atingidas pelas enchentes. Gutierrez Roque destaca que há relatos de silos inundados e danos significativos em infraestruturas de armazenagem, o que também pode comprometer parte da safra já colhida. O consultor alerta que será necessário tempo para avaliar o impacto total do desastre.
Antes das inundações, a estimativa de Safras & Mercado para a produção do Rio Grande do Sul era de 22,7 milhões de toneladas. Com as perdas causadas pelas chuvas, Gutierrez Roque acredita que o número deve ser reduzido entre 2 a 3 milhões de toneladas. Mesmo com essa queda, ele lembra que cerca de 75% da safra já havia sido colhida com bons resultados, oferecendo alguma garantia para o setor. “A não ser que mais silos sejam afetados, a safra gaúcha ainda deve ser maior do que no ano passado”, conclui.
Relatórios da Emater indicam que, devido ao clima adverso, as perdas em áreas ainda não colhidas podem ser elevadas, chegando a 100% em algumas regiões. A colheita foi suspensa na maior parte do Estado devido às inundações. Nas regiões Noroeste e Campanha, a operação foi realizada com dificuldade, pois os grãos estavam excepcionalmente úmidos.
Comercialização em Meio à Crise
A comercialização da safra 2023/24 de soja do Brasil também reflete a crise no Rio Grande do Sul. Segundo o relatório de Safras & Mercado, até 6 de maio, 50,7% da produção projetada havia sido negociada, um aumento em relação ao mês anterior. No entanto, o número é menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, que era de 51%, e bem abaixo da média de cinco anos, que é de 64,8%.
Com uma estimativa mínima hipotética de 151,25 milhões de toneladas para a safra brasileira, a comercialização antecipada representa 5,9%. No mesmo período do ano passado, a comercialização antecipada era de 6%, e a média para o período é de 14,9%.
O setor de soja enfrenta um momento desafiador, e os produtores esperam que as condições climáticas melhorem para evitar perdas ainda maiores. A reconstrução das infraestruturas danificadas será um desafio adicional no caminho para a recuperação total do setor.
Fonte: portaldoagronegocio