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Agronegócio

Impacto das queimadas nos canaviais de São Paulo: prejuízos já somam R$ 500 milhões

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Os prejuízos causados pelas queimadas no Estado de São Paulo para o setor de cana-de-açúcar já ultrapassam R$ 500 milhões, de acordo com nova estimativa da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). No início da semana, a entidade havia calculado perdas em torno de R$ 350 milhões, com 59 mil hectares atingidos, mas alertou que esses números poderiam aumentar. A contagem mais recente revela que 80 mil hectares foram afetados pelo fogo. “Os prejuízos ocorreram tanto na rebrota quanto na cana em pé”, explicou o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira.

Nesta terça-feira (28), o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, informou que aproximadamente 5.200 propriedades em 150 municípios foram atingidas pelos incêndios, com 50 cidades declarando estado de emergência. As informações foram compartilhadas durante o 11º Congresso Brasileiro de Fertilizantes.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que também esteve presente no evento, anunciou em coletiva de imprensa que novas linhas de crédito serão criadas para auxiliar na recuperação das áreas devastadas. Ele ressaltou que ainda é necessário avaliar a real necessidade dos produtores, mas garantiu que o ministério e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão dispostos a elaborar uma proposta com taxas de juros e prazos de carência favoráveis, permitindo que todos os afetados possam se reerguer. Fávaro mencionou ainda que medidas semelhantes foram implementadas após as chuvas no Rio Grande do Sul.

O secretário de Política Agrícola do ministério, Guilherme Campos, e o secretário Piai devem se reunir para alinhar as ações de apoio aos produtores, tanto em âmbito estadual quanto nacional. Piai destacou que o governo estadual disponibilizará crédito sem juros e com carência de dois anos, por meio do Fundo de Expansão Agropecuário Paulista (FEAP), para os produtores prejudicados pelos incêndios.

Reforçando declarações feitas nos últimos dias sobre a origem criminosa das queimadas, Carlos Fávaro afirmou que os responsáveis pelos incêndios “devem ser tratados com rigor”. Ele assegurou que as investigações em andamento para identificar os autores garantirão segurança jurídica aos produtores. Piai acrescentou que um quinto suspeito de iniciar os incêndios em áreas rurais já foi detido.

Além das iniciativas voltadas para a recuperação das áreas atingidas, Fávaro anunciou que o governo federal pretende investir R$ 200 milhões no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Em tempos de mudanças climáticas, não podemos ser vulneráveis nas previsões do tempo”, afirmou. O investimento será direcionado para a expansão da rede de radares e o desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial, visando melhorar a precisão das previsões meteorológicas e, consequentemente, facilitar o seguro rural.

Punições a crimes de incêndio

Em Brasília, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) decidiu apoiar integralmente a aprovação de um pacote de propostas legislativas que endurecem as punições para crimes de incêndio criminoso, especialmente aqueles que destroem plantações e áreas de vegetação natural. A bancada também cobrou um plano de ação estruturado do governo federal, em conjunto com os governos estaduais e municipais, para combater o fogo de forma eficaz e imediata.

O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), criticou a postura do governo federal e as insinuações de que o setor agropecuário estaria envolvido nas queimadas. As críticas foram especialmente direcionadas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que comparou as queimadas em São Paulo ao “Dia do Fogo” de 2019, no Pará, quando grileiros e produtores incendiaram áreas da Amazônia. “Isso não tem absolutamente nada a ver conosco”, afirmou Lupion em entrevista após a reunião. Ele enfatizou que o agronegócio é o “maior e único prejudicado” pelas queimadas.

Lupion ressaltou que quem está combatendo os incêndios são as brigadas dos produtores de cana, das usinas e dos produtores de eucalipto. “Para nós, esse é o pior cenário possível. Precisamos descobrir quem está por trás disso, pois não acredito que seja acaso”, declarou.

De acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), divulgado ontem, dos 2,6 mil focos de calor registrados no Estado de São Paulo entre 22 e 24 de agosto, 81,29% estavam concentrados em áreas de uso agropecuário, como plantações de cana e pastagens. “Não é natural que tantos focos de calor surjam em um curto período, especialmente em uma região como São Paulo. É como se fosse um ‘Dia do Fogo’ exclusivo para o Estado, evidenciado pela cortina de fumaça simultânea visível a oeste”, comentou Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam, em comunicado.

Fonte: portaldoagronegocio

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