O mercado de boi gordo brasileiro passará por transformações significativas ao longo de 2025, com foco na inversão do ciclo pecuário. De acordo com o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, um dos principais fatores a ser observado é a redução na disponibilidade de animais jovens, o que resultará em um aumento considerável no custo de reposição. Esse cenário deve elevar os custos de recria e engorda, exigindo que os pecuaristas adotem estratégias cada vez mais eficientes e adaptadas.
O Impacto das Exportações e o Cenário Geopolítico
Na análise da demanda, Iglesias destaca que a agroindústria brasileira direcionará seus esforços para o mercado externo, dado o alto grau de competitividade do Brasil em relação a outros produtores de carne bovina, como Estados Unidos, Austrália, União Europeia, Argentina e Uruguai. O analista também sublinha a importância das boas relações comerciais com os principais parceiros do país, principalmente a China, que se mostra como uma alternativa mais favorável diante de tensões comerciais entre outros países ocidentais e a Austrália.
Além disso, o cenário cambial, com o dólar acima de R$ 6,21, favorece as exportações brasileiras, tornando os produtos nacionais ainda mais competitivos no mercado internacional. Iglesias acredita que o enfraquecimento do real, aliado ao quadro fiscal e à geopolítica desfavoráveis, sustenta a perspectiva de um câmbio desvalorizado em 2025, o que deve continuar a beneficiar as exportações.
Demanda Interna e Impacto nos Preços
A demanda interna, por outro lado, enfrenta desafios, uma vez que o preço da carne bovina tende a se manter elevado, em função da diminuição da oferta resultante da inversão do ciclo pecuário. Com o aumento da competitividade nas exportações, o mercado interno deve observar um enfraquecimento no poder de compra da população brasileira, o que direcionará os consumidores para proteínas de menor valor agregado, como carne de frango, embutidos e ovos.
Iglesias também prevê que as proteínas de origem animal terão um peso significativo nos índices de inflação em 2025 e 2026, com a escassez de oferta, que atingirá seu pico em 2026, refletindo diretamente nos preços.
Estratégias para Enfrentar os Desafios do Mercado Pecuário
Diante desse cenário, os agentes do setor pecuário enfrentam um ambiente desafiador, que exige uma adaptação constante nas estratégias comerciais e de aquisição de animais. Segundo Iglesias, o mercado está se tornando cada vez mais exigente e hostil, o que impõe menos margem para erros estratégicos. O sucesso no setor dependerá da capacidade de adaptação dos pecuaristas às novas condições do mercado e da implementação de estratégias eficazes para enfrentar os desafios previstos para 2025 e além.
Fonte: portaldoagronegocio
