O IFC Brasil 2022 reuniu do produtor à indústria de processamento. Os congressistas vieram de vários países e estados do Brasil. Somente o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) organizou 16 comitivas de produtores. Foram submetidos 102 trabalhos científicos do Brasil e exterior. Entidades do setor, universidades e órgãos públicos também foram representados no evento.
Ministro da Agricultura no IFC
A cerimônia de abertura oficial foi realizada na quarta-feira, 31 de agosto, com a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes. Para o ministro, é essencial a abertura do mercado externo ao pescado brasileiro, visando o desenvolvimento sustentável da cadeia. “Nossa responsabilidade é produzir alimentos em quantidade e qualidade para combater esse fantasma que vem nos assombrando, que é a insegurança alimentar. O Ministério está comprometido com isso”, afirmou.
Em seu discurso, Montes ressaltou a abertura de crédito para o setor aquícola, através das linhas de financiamento da Caixa Econômica Federal, e da segurança jurídica aos produtores. “Agora, nossa meta é o mercado externo, como fizemos com as proteínas bovina, suína e de aves”. O ministro classificou a proteína que vem das águas como um grande potencial do Brasil. “Temos muito espaço para avançar”. Citou que menos de 3% das águas brasileiras são utilizadas em uma extensão de 8,5 mil de costa. “O que falta é agregar tecnologia aos produtores, que são bastante eficazes, e o governo criar condições para isso”, declarou. As exportações da piscicultura brasileira dobraram em valor de janeiro a julho deste ano. O crescimento foi de 14%, totalizando US$ 14 milhões e quase 5 mil toneladas, indicou o informativo sobre Comércio Exterior da Piscicultura, produzido pela Embrapa.
O setor de pescados aguarda ainda a isenção de PIS e COFINS para ração de peixes, anunciada pelo Governo Federal para iniciar a partir de janeiro de 2023. Durante sua estada no IFC, o ministro citou Projeto de Lei em análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. “Muito em breve teremos essa aprovação para a isenção de PIS e COFINS para a ração de pescado”, afirmou.
IFC reforça a busca por conhecimento
A Diretora Executiva do IFC Brasil, Eliana Panty, destacou que a realização da quarta edição do evento, após um período de pandemia, foi uma grande vitória. “Mais do que isso, a mágica que é o público vir, se deslocar de vários Estados do Brasil e de vários países”, afirmou. “Isso nos emociona muito, porque é uma cadeia de proteína que está em pleno crescimento e que busca tecnologia, que busca inovação”.
O IFC Brasil 2022, afirma Panty, conseguiu reunir muito do que há de mais moderno hoje na aquicultura mundial, aqui no Brasil, perto da produção. “Temos certeza que, a longo prazo, veremos na história o quanto foi importante todas as empresas de tecnologia, esses cérebros pensantes, toda essa inteligência reunida com mais de 50 palestrantes vindos de 16 países”. Essa troca, acredita, “vai marcar um período da produção da proteína do pescado”.
A cadeia da proteína do pescado está no processo de maturação, “mas cresce rápido pelo aporte de tecnologia”, assegurou Panty. Uma evolução já experienciada pelos setores do frango, do suíno e do bovino. “A cadeia do pescado no Brasil vai evoluir de uma forma muito rápida, através das cooperativas, dos grandes empreendedores e pelo trabalho do pequeno produtor que está espalhado pelo Brasil”.
Para Panty, isso representa uma pulverização de renda, envolve milhares de famílias no processo, que hoje tem aporte financeiro focado na aquicultura. “A Caixa Econômica trouxe isso para a aquicultura e esse aporte financeiro, junto com a tecnologia que está disponível, possibilita uma cadeia de proteína em plena expansão, muito sustentável e que está perto dos núcleos de consumo também”.
A produção pulverizada pelo Brasil, acredita Panty, também tem um papel social de geração de renda, emprego e de divisas, de pulverização econômica. “Eu acredito que existe uma grande revolução por vir e ela vai acontecer muito graças ao trabalho da cadeia do pescado”, pontuou.
Quarta edição marca consolidação do IFC Brasil
Para o ex-ministro da pesca e presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin, a quarta edição representou a consolidação do evento. Ele citou fatores como a grandiosidade do evento, a representatividade das empresas, a robustez da programação técnico-científica e a representatividade do setor. “É uma só voz de que o evento está extremamente consolidado, no sentido de abrir portas para a América Latina”.
Além das principais empresas brasileiras, a quarta edição contou com a participação de empresas e profissionais do Chile, dos Estados Unidos, da Índia, além de outros países. “Isso nos dá uma indicação segura de que o IFC caminha para ser um grande evento internacional, o maior da América Latina, que é a nossa meta”, projetou.
Pescado brasileiro será fundamental para a segurança alimentar mundial
Como profissional do setor, que acompanha o desenvolvimento da cadeia há pelo menos três décadas, Gregolin citou a aquicultura como a grande promessa do Brasil. “Hoje, vemos esse potencial virando de fato realidade”. Temos, disse Gregolin, uma cadeia estruturada, verticalizada, com as maiores empresas da cadeia de suprimento a nível global – nutrição, genética, sanidade, equipamentos – presentes no Brasil suprindo a demanda. “Por isso, a velocidade de desenvolvimento dessa cadeia é maior do que foi com as outras proteínas”, observou.
“A expectativa, daqui para frente, é de o Brasil caminhar como um grande produtor mundial de pescados”, acredita. Só os produtores brasileiros, de acordo com Gregolin, têm condições de suprir uma demanda de 24 milhões de toneladas para 2030 e 50 milhões de toneladas de pescados para 2050, conforme projetou no evento Audun Lem, vice-diretor da Divisão de Políticas e Recursos do Departamento de Pescas e Aquicultura da FAO. “Enquanto o sudeste asiático, maior produtor global de pescados, está reduzindo a produção, o Brasil tem condições de assumir o posto. E o nosso time do IFC Brasil fazendo parte desse processo de desenvolvimento e consolidação”, salientou.
Sobre o futuro do IFC Brasil, Gregolin projeta um evento global. Com participantes de diferentes continentes, na quarta edição, o IFC já se consolida como um grande evento internacional. “Não tenho dúvidas de que, com mais duas edições, o IFC será o maior evento da cadeia de pescados da América Latina”, concluiu.
O IFC Brasil 2023 já está marcado, de 19 a 21 de setembro, em Foz do Iguaçu – paraná.
Apoio e patrocínio ao IFC Brasil 2022
O 4º International Fish Congress teve coorganização da Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação (Fundep) e da Unioeste. Patrocinaram o IFC Brasil 2022: Itaipu Binacional, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Fomento Paraná, Companhia Paranaense de Energia (Copel), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA, Federações e Sindicatos), Tilabrás, Cooperativa Copacol, Sistema Faep/Senar-PR e Cooperativa C.Vale.
O IFC Brasil teve o apoio da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), Associação das Indústrias de Pesca (Abipesca), Associação de Produtores de Peixes do Brasil (peixe BR), Club de Innovación Aquícola do Chile, Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) e Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Como parceiro o evento teve a Caixa Econômica Federal, que lançou recentemente linhas de crédito exclusivas para o agronegócio.