O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, abriu em baixa nesta quinta-feira (3), na volta do feriado de Dia de Finados. O desempenho negativo é puxado pelo exterior: ontem, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou as taxas de juros nos Estados Unidos em 0,75 ponto percentual, a um patamar entre 3,75% e 4,00% ao ano.
No Brasil, o mercado aguarda sinalizações sobre quem estará na equipe econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e monitoram os bloqueios ilegais promovidos por bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições.
Às 10h08, o Ibovespa caía 1,40%, aos 115.101 pontos.
Na terça-feira, o índice havia subido 0,77%, a 116.929 pontos. Com o resultado, a bolsa acumula alta de 2,09% na semana e de 11,55% no ano. Na segunda-feira, o indicador teve alta de 1,31%, a maior alta no primeiro dia pós-eleição desde 1994.
O que está mexendo com os mercados?
Na tarde desta quarta-feira (2), o Fed elevou seus juros, conforme era amplamente esperado pelo mercado.
Em comunicado enviado pelas instituições e coletiva de imprensa realizada pelo presidente do Fed, Jerome Powell, o banco informou que os próximos meses devem contar com novas altas nos juros, mas em um ritmo menor. Entretanto, esses aumentos devem continuar por mais tempo do que era esperado, já que o Fed enxerga “riscos em cortes prematuros”, explicam analistas do BTG Pactual.
Com o período de elevação das taxas americanas mais longo, os títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo, passam a entregar retornos mais atrativos para os investidores. Assim, o dinheiro que poderia ser investido em ativos de risco, como o real e o mercado de ações brasileiro, migra para os títulos americanos, impactando no desempenho da bolsa.
Os juros também subiram no Reino Unido. Nesta manhã, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou suas taxas, por decisão unânime, em 0,75 ponto percentual, a 3% ao ano, como forma de combate à inflação.
Ainda na Europa, a Eurostat informou hoje que o desemprego na zona do euro caiu de 6,7% para 6,6% em setembro, menor nível desde o início da série histórica, em 1998.
No cenário interno, as atenções permanecem voltadas ao cenário pós-eleitoral. Os investidores seguem especulando sobre quem deve ser o ministro da Economia escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
“O mercado gostaria com certeza de ter claridade sobre quem vai ser (o Ministro da Fazenda). Até porque a escolha do ministro por si só já é uma sinalização importante de que o que quer que venha a substituir o teto de gastos possa ser razoavelmente crível e sustentável”, disse à Reuters o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel.
Ajudam a tranquilizar os mercados os recentes acenos de Lula em relação à responsabilidade fiscal, com o petista dizendo que isso faz parte de sua agenda, disse Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Grupo Travelex Confidence, bem como a eleição, no primeiro turno, de um Congresso moderado e alinhado a pautas liberais.
Fonte: portaldoagronegocio