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Agronegócio

IAC suspende pesquisas em áreas-chave devido à escassez de pesquisadores e infraestrutura

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O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), referência histórica e internacional em pesquisas agrícolas, enfrenta um cenário preocupante de paralisia em seus estudos devido à escassez de pesquisadores e servidores. Segundo levantamento da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), áreas cruciais para o desenvolvimento de novas variedades de hortaliças, grãos como triticale, grão-de-bico e arroz, além de pesquisas sobre fibras e genética vegetal, estão com suas atividades interrompidas. O laboratório dedicado à análise da qualidade da fibra de algodão também foi afetado.

Desde 2003, o IAC não recebe novas contratações de pesquisadores pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), e o último concurso, realizado em 2023, previu apenas 37 vagas para a área de pesquisa, mas sem convocação até o momento. De acordo com dados oficiais, a SAA enfrenta um déficit significativo de servidores, com 746 cargos vagos em relação a 448 preenchidos, e, considerando as carreiras de apoio à pesquisa, esse número sobe para 4.539 cargos vagos.

Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC, destaca que além da paralisia das pesquisas, a aposentadoria de pesquisadores sem sucessores representa um “apagão da ciência”, resultando na perda de décadas de experiência acumulada.

Desafios históricos e ameaça à Fazenda Santa Elisa

Criado em 1887 por Dom Pedro II, o IAC tem sido um pilar para o avanço da agricultura brasileira, com contribuições que vão desde melhorias no setor sucroenergético até importantes progressos no melhoramento de grãos. No entanto, o instituto agora enfrenta desafios graves, como a ameaça de perda de áreas dedicadas à pesquisa.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, determinou um levantamento para identificar propriedades que possam ser vendidas, incluindo a Fazenda Santa Elisa, situada na região urbana de Campinas. A APqC denuncia que há planos para desmembrar sete hectares da propriedade, onde estão localizados parte do banco de germoplasma de café — um dos maiores do mundo — e pesquisas com macaúba, que é vista como alternativa para biocombustíveis.

“Vender áreas de pesquisa para gerar caixa é um erro estratégico. O valor da venda se esgota rapidamente, enquanto o conhecimento gerado pela pesquisa agrega valor ao longo do tempo, beneficiando a economia do Estado por décadas”, argumenta Lutgens.

A Fazenda Santa Elisa, que realiza cerca de 90% das pesquisas cafeeiras financiadas pelo Funcafé, do Ministério da Agricultura, também recebe recursos de convênios com a Embrapa e de instituições como a Fapesp. Esses projetos, que incluem o banco de germoplasma, são sustentados por recursos extraorçamentários, uma vez que o Estado não financia diretamente essas atividades.

Mobilização contra a venda das áreas de pesquisa

Diversos setores da sociedade têm se mobilizado contra a venda das áreas de pesquisa do IAC, com manifestações de apoio vindo de entidades como a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), que enviou um ofício ao governador solicitando a preservação da Fazenda Santa Elisa.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputados questionaram a SAA sobre o plano de venda das áreas de pesquisa, enquanto a Câmara Municipal de Campinas aprovou uma moção contra a venda. Além disso, um abaixo-assinado foi criado, reunindo dezenas de entidades e lideranças em apoio à preservação das áreas de pesquisa agrícola essenciais para o desenvolvimento do setor no Estado.

Abaixo-assinado

Fonte: portaldoagronegocio

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