O Federal Reserve (Fed) deve manter as taxas de juros inalteradas ao final da reunião programada para a próxima semana. No entanto, o ponto mais relevante não será a decisão em si, mas como o banco central dos Estados Unidos irá lidar com as primeiras medidas do presidente Donald Trump, cujas ações têm o potencial de moldar significativamente a economia ao longo do ano.
Desde o início de seu novo mandato, Trump tem adotado uma postura que complica o trabalho do Fed, incluindo a promulgação de regras mais rígidas de imigração e a ameaça de aumento de tarifas de importação a partir de 1º de fevereiro. Essas medidas, somadas à pressão política direta para redução das taxas de juros, reforçam o ambiente de incerteza econômica. Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, Trump declarou: “Vou exigir que os juros caiam imediatamente e, da mesma forma, eles deveriam estar caindo em todo o mundo”, retomando uma estratégia de pressão que marcou seu primeiro mandato, mas que gerou poucos resultados práticos.
Impacto na condução da política monetária
O principal desafio para o presidente do Fed, Jerome Powell, e seus colegas será decidir em que medida a incerteza gerada pelas políticas de Trump deve influenciar as decisões de política monetária e como orientar o mercado sobre as perspectivas futuras. Segundo Vincent Reinhart, ex-membro do Fed e atual economista-chefe do BNY Investments, “a orientação do Fed é uma previsão, e atualmente qualquer previsão está profundamente conectada à política econômica. Isso é difícil para uma instituição independente”.
Reinhart também destaca que ajustes monetários não podem ser baseados em suposições sobre ações futuras, como tarifas ou legislação tributária, enquanto há tantas variáveis em jogo. A direção e a velocidade das iniciativas de Trump nos próximos meses serão cruciais para determinar como o Fed abordará a fase final de sua luta contra a inflação.
Perspectivas econômicas e decisão de juros
Depois de atingir o maior nível em 40 anos em 2022, a inflação nos EUA está agora cerca de meio ponto percentual acima da meta de 2% do Fed. Após reduzir as taxas de juros em um ponto percentual ao longo do ano passado, o banco central deve manter os juros na faixa atual de 4,25% a 4,50% em sua reunião de terça e quarta-feira.
Os dados desde a última reunião, realizada em dezembro, reforçam a visão predominante de que a inflação continuará a se aproximar da meta de forma gradual, com baixos níveis de desemprego, aumento de contratações e crescimento econômico moderado. Contudo, as atas dessa mesma reunião indicaram que “vários” membros do comitê consideram cenários mais conservadores, prevendo um crescimento mais lento, maior desemprego e progresso limitado na redução da inflação para os próximos anos.
A mediana das projeções atualizadas pelos membros do Fed aponta para cortes mais lentos nas taxas de juros até 2025, com um ajuste de apenas meio ponto percentual, em contraste com a expectativa de um ponto percentual observada em setembro. A influência das medidas políticas e comerciais do governo Trump segue como um fator-chave para a evolução desse cenário.
Fonte: portaldoagronegocio