As exportações brasileiras de produtos madeireiros mantiveram-se estáveis em 2024, com valores equivalentes aos registrados no mesmo período de 2023. Dados apresentados pelo Head de Desenvolvimento Estratégico da STCP, Marcelo Wiecheteck, no podcast WoodFlow, apontam que, até outubro, o setor totalizou US$ 2,8 bilhões em exportações, representando um crescimento discreto de 1% em relação ao ano anterior.
Apesar da estabilidade no agregado, produtos específicos como o compensado de Pinus apresentaram crescimento superior a 13% no período. Contudo, os entrevistados no podcast destacaram que fatores como dificuldades logísticas e incertezas nos embarques têm afetado a competitividade brasileira no mercado internacional.
Desafios Logísticos e o Mercado Interno
Marcelo Wiecheteck salientou que o setor ainda enfrenta desafios logísticos que prejudicam sua competitividade global. “A falta de regularidade na oferta para compradores internacionais é um dos fatores que limitam o desempenho do setor”, explicou.
Para contornar o desaquecimento no mercado externo, empresas como a Imaribo adotaram novas estratégias. Mariza Marcon, gerente industrial e florestal da companhia, explicou que, desde 2022, a empresa passou a destinar metade de sua produção ao mercado interno, enquanto a outra metade segue para exportação. “Embora o mercado interno absorva a madeira, o cliente final geralmente exporta o produto acabado, como móveis e molduras. O Brasil ainda não tem a cultura de utilizar móveis de madeira maciça de Pinus, ao contrário de países como os Estados Unidos e nações europeias”, observou.
Os dados reforçam essa dinâmica: cerca de 8,2 milhões de metros cúbicos de madeira serrada de Pinus são produzidos anualmente no Brasil. Destes, 5,6 milhões de metros cúbicos são destinados ao mercado interno, enquanto 2,6 milhões são exportados como matéria-prima.
Evolução Tecnológica das Serrarias
O futuro das serrarias no Brasil está diretamente ligado à modernização tecnológica e à busca por maior valor agregado. Segundo Mariza Marcon, a indústria nacional, antes estagnada, tem investido em reestruturação para atender às exigências dos mercados externos. “Muitas serrarias já utilizam tecnologia de ponta, ainda que a maior parte dos equipamentos seja importada. Além disso, fabricantes brasileiros de maquinário também têm avançado significativamente”, afirmou.
A executiva destacou que as indústrias de móveis e molduras no Brasil já operam com processos automatizados e alta qualidade, atendendo aos rigorosos padrões de mercados como Estados Unidos e Europa. “O futuro do setor passa pela evolução tecnológica, visando minimizar perdas e maximizar o aproveitamento das toras, com foco em produtos de maior qualidade e maior valor agregado”, concluiu.
A sobrevivência do setor, de acordo com Mariza, dependerá da capacidade de adaptação às novas demandas de mercado e do investimento em inovação.
Fonte: portaldoagronegocio