A região centro-sul do Brasil, principal produtora de cana-de-açúcar do país, deve destinar um recorde de 50,8% da cana processada para a produção de açúcar na temporada 2024/25. Essa previsão foi feita pela JOB Economia e Planejamento nesta terça-feira, destacando que uma ligeira queda no índice observada na segunda quinzena de maio foi um evento pontual.
Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), essa estimativa supera a máxima histórica de 49,52%, registrada na temporada 2012/13, e é significativamente maior que os 48,87% da temporada anterior. Julio Maria Borges, sócio-diretor da JOB, explicou que a preferência pela produção de açúcar em relação ao etanol se deve aos preços mais atrativos do açúcar.
A JOB projeta que a moagem de cana no centro-sul será de 604,5 milhões de toneladas, uma queda de 7,6% em comparação com a safra recorde anterior, que teve condições climáticas quase perfeitas. A produção de açúcar na região deve atingir 41,3 milhões de toneladas, uma redução de 2,7% em relação a 2023/24. Em contrapartida, o Nordeste do Brasil deve aumentar sua moagem e a produção de açúcar para 3,7 milhões de toneladas.
As exportações brasileiras de açúcar, considerando o país como o maior produtor e exportador global, são estimadas em 34,1 milhões de toneladas para 2024/25, uma diminuição de 3,7% em relação ao ano anterior. Essa redução será concentrada no centro-sul, com uma queda de 1,4 milhão de toneladas nos embarques.
A leve queda no “mix” açucareiro na segunda quinzena de maio, de 48,65% para 48,28%, foi atribuída às chuvas que impactaram algumas áreas, prejudicando a produção de açúcar mais do que a de etanol. Borges explicou que a chuva reduz o ATR (Açúcar Total Recuperável) da cana, afetando mais a produção de açúcar.
Etanol: Oferta Menor e Preços Potencialmente Mais Altos
Com uma menor quantidade de cana disponível para moagem e um foco maior na produção de açúcar, a produção de etanol de cana na safra 2024/25 no centro-sul deve cair 10%, totalizando 24,59 bilhões de litros. No entanto, a produção de etanol de milho, que está em expansão, deve crescer cerca de 20%, atingindo 7,5 bilhões de litros.
A produção total de etanol de cana e milho na região centro-sul é estimada em 32,1 bilhões de litros, comparado a 33,6 bilhões no ano passado. A menor oferta de etanol pode levar a preços mais altos, dependendo dos preços internacionais do petróleo e da política de preços da Petrobras.
A exportação de etanol do centro-sul é projetada em 2,8 bilhões de litros, um leve aumento em relação aos 2,75 bilhões da temporada passada. No mercado interno, o consumo deve crescer para 27,12 bilhões de litros, comparado a 26,58 bilhões no ciclo anterior.
Fonte: portaldoagronegocio