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Agronegócio

Etanol e Bioquerosene de Aviação: Perspectivas de um Combustível Sustentável

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O Brasil possui uma trajetória consolidada na produção de etanol, que desde a década de 1970 tem se mostrado uma alternativa eficiente aos combustíveis fósseis na matriz de combustíveis leves. Proveniente da tradicional cana-de-açúcar, o biocombustível evoluiu para o uso do milho e, atualmente, explora novas possibilidades com culturas como sorgo, trigo e triticale. Especialistas indicam que o etanol pode servir como insumo para uma das rotas de produção mais competitivas do Sustainable Aviation Fuel (SAF) e de combustíveis marítimos de baixa emissão.

No dia 11 de setembro, ocorreu um marco histórico com a aprovação unânime do Projeto de Lei do Combustível do Futuro. O das lideranças partidárias transformou a ampliação das fontes renováveis na matriz energética em uma política de Estado. O Senador Veneziano Vital do Rego foi reconhecido por suas contribuições à proposta, assim como o Ministro Alexandre Silveira, que respaldou integralmente o projeto, e o setor produtivo, especialmente a ANFAVEA e o SINDIPEÇAS, que desempenharam um papel crucial na formulação do novo marco legal.

Além do aumento do teor de etanol na gasolina e do Programa de Combustível Sustentável de Aviação – SAF, o PL abrange ainda o Programa do Diesel Verde, o Programa do Biometano e o incremento do biodiesel ao diesel fóssil, bem como a captura de CO2 e a produção de combustíveis sintéticos.

Conforme informações da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis), o Brasil alcançou uma produção histórica de 35,4 bilhões de litros de etanol em 2023, sendo 5,45 bilhões provenientes do milho. Essa produção possibilitou a substituição de quase 50% da gasolina comercializada no país, resultando em uma significativa diminuição das emissões de CO2. De acordo com o Ranking de Veículos em Emissões de CO2 por quilômetro rodado, um veículo movido à gasolina emite, em média, 148g de dióxido de carbono por quilômetro, enquanto a mistura com 27% de álcool anidro reduz essa emissão para 83g.

Com a implementação do Combustível do Futuro, o percentual de etanol na gasolina deve aumentar para 35%, consolidando o biocombustível como um dos principais instrumentos para o Brasil alcançar suas metas de descarbonização na matriz de transporte. O StoneX Group estima que o consumo de gasolina no país poderá reduzir em até 11%, enquanto a demanda pelo biocombustível deve crescer em 1,3 bilhões de litros anuais, o que, por sua vez, poderá reduzir os preços dos combustíveis e impactar positivamente a qualidade do ar nas grandes cidades.

O fortalecimento do etanol também terá reflexos no setor aéreo. A aviação comercial global é responsável por 3,5% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). No Brasil, o setor consome cerca de 6 bilhões de litros de combustível fóssil de aviação anualmente, sendo que apenas 80% desse volume é produzido internamente. Estimativas sugerem que a rota “Alcohol-to-Jet (ATJ)”, que converte etanol em SAF, poderá atender uma parcela significativa dos 9 bilhões de litros de SAF com potencial no Brasil. O etanol é igualmente promissor como combustível marítimo de baixa emissão, destacando-se pela disponibilidade imediata.

Para que essas projeções se concretizem, os operadores aéreos, incluindo a aviação executiva, deverão misturar SAF ao querosene de aviação, visando reduzir suas emissões. Em 2027, essa redução deverá representar 1% das emissões do operador, alcançando 10% em 2037. O mandato de descarbonização será essencial para que o etanol atinja a escala necessária para atender a essa demanda crescente.

Assim, o etanol se consolida como uma das melhores alternativas sustentáveis para a substituição dos combustíveis fósseis, posicionando o Brasil como protagonista na transição energética global.

Fonte: portaldoagronegocio

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