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Agronegócio

Drones Pulverizadores: A Revolução na Cafeicultura

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Os drones pulverizadores têm se consolidado como ferramentas essenciais para a modernização da cafeicultura, principalmente em regiões de difícil acesso. Esses equipamentos, projetados para pulverizar líquidos e dispersar sólidos, têm facilitado o tratamento das plantações com produtos que promovem a proteção e nutrição das plantas. Sua aplicação tem se mostrado uma solução eficaz, uma vez que os drones conseguem operar em terrenos com diferentes inclinações e solos úmidos sem comprometer a saúde das plantas ou a estrutura do solo. Nos últimos anos, o uso dessa tecnologia na agricultura tem crescido consideravelmente, especialmente entre os produtores de café.

Uma pesquisa recente realizada por Jéssica Elaine Silva, mestranda do programa de Pós-Graduação em Agronomia/Fitotecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), investigou a eficiência da pulverização em plantações de café utilizando drones. Orientada pelos professores Adão Felipe dos Santos e Christiane Augusta Diniz Melo, a dissertação intitulada “Calibração de drones pulverizadores para aplicação otimizada na cafeicultura” se concentrou no ajuste operacional necessário para a utilização do drone DJI AGRAS T10 em cultivos de café, sendo realizada em uma área comercial de Lavras (MG).

Impacto da Calibração e Parâmetros Operacionais

O estudo revela que variáveis como o volume de calda, a altura e a velocidade de voo são fundamentais para a uniformidade e a eficácia da aplicação dos produtos nas plantações de café. A pesquisa foi dividida em duas partes: a primeira focou na criação e validação de um sistema de baixo custo, com 31 canaletas de fibra de vidro, para medir a distribuição volumétrica da pulverização em diferentes condições de volume de calda e altura de voo. A segunda parte analisou como esses parâmetros influenciam a eficiência da aplicação em cafeeiros de diferentes idades (2,5 e 6,5 anos).

Uma descoberta importante foi que, quando os voos são realizados muito próximos das plantas, o produto pulverizado tende a se concentrar nas extremidades da faixa de aplicação, devido à turbulência provocada pelo downwash (fluxo de ar descendente das hélices do drone), o que diminui a uniformidade. Contudo, quando a altura de voo varia entre três e quatro metros, o fluxo de ar torna-se mais estável, promovendo uma pulverização mais homogênea. Entretanto, voos muito altos podem reduzir a penetração do produto nas folhas e ramos, além de aumentar a dispersão por vento, comprometendo a eficácia.

Outro ponto observado foi que a quantidade de calda utilizada influencia diretamente a faixa de aplicação e a distribuição do produto. Com maior volume de calda, a aplicação se torna mais ampla e uniforme, garantindo melhor cobertura das plantas e evitando lacunas na pulverização.

Ajustes para Diferentes Idades de Plantas e Condições Climáticas

A velocidade do drone também é um fator crucial para o sucesso da pulverização. Em cafeeiros mais jovens, é possível utilizar velocidades mais altas sem comprometer a qualidade da aplicação. No entanto, em plantas mais maduras, com copas mais densas, recomenda-se velocidades mais baixas para garantir uma boa penetração da calda. O estudo indicou que, em plantas com copas mais densas, como no caso das mais velhas, os melhores resultados foram obtidos com uma velocidade de 12 km/h e volume de calda de 20 L/ha.

Além disso, as condições climáticas, como velocidade do vento, temperatura e umidade relativa, impactam diretamente a eficiência da aplicação. A arquitetura da planta também desempenha um papel importante, já que a densidade do dossel afeta a deposição das gotas. De acordo com Jéssica Silva, ao contrário da pulverização terrestre, onde as folhas ficam encharcadas e com calda escorrendo, o uso de drones permite uma aplicação mais precisa, desde que os ajustes operacionais sejam adequados às condições da lavoura.

Benefícios e Perspectivas Futuras

O estudo conclui que a calibração precisa dos drones, levando em consideração fatores como altura de voo, volume de calda e outros parâmetros operacionais, é essencial para otimizar a pulverização, melhorar a eficiência e reduzir os impactos ambientais. A utilização de drones, quando calibrados corretamente, pode reduzir custos operacionais, diminuir a exposição dos operadores a produtos químicos e evitar o desperdício ou a aplicação inadequada de insumos, promovendo uma agricultura mais sustentável.

A professora Christiane Melo ressalta que outros modelos de drones, com tecnologia capaz de controlar o tamanho das gotas, também devem ser testados na cafeicultura. Drones com bicos rotativos, por exemplo, podem gerar gotas menores e com maior capacidade de penetração na copa dos cafeeiros, oferecendo potencial para melhorar ainda mais a eficiência.

Este estudo é um dos primeiros resultados de uma série de investigações sobre o uso de drones na pulverização de cafezais, apoiado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café). Novos testes estão sendo realizados para avaliar a eficácia da tecnologia no controle de pragas e doenças foliares, como o bicho-mineiro e a ferrugem do café, com resultados que deverão ser divulgados em breve.

Fonte: portaldoagronegocio

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