O dólar iniciou o pregão em alta nesta terça-feira (5), data das eleições presidenciais dos Estados Unidos, que trazem uma acirrada disputa entre a vice-presidente democrata Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump. A moeda norte-americana, que no dia anterior havia encerrado em queda de 1,48%, cotada a R$ 5,7831, reflete a incerteza que ronda um dos pleitos mais indefinidos da história recente dos Estados Unidos, com consequências para o mercado global e especialmente para moedas de países emergentes, como o real.
Pesquisas apontam um empate técnico entre os candidatos, mas o mercado financeiro mostra leve preferência por uma vitória de Trump, apesar da redução de sua vantagem nos últimos dias. Trump, que tem adotado um discurso protecionista, defende tarifas sobre produtos importados e outras medidas que, segundo analistas, poderiam pressionar a inflação e elevar os juros, favorecendo a valorização do dólar globalmente.
Às 09h10, o dólar subia 0,16%, cotado a R$ 5,7925, após ter registrado uma queda na segunda-feira. Na semana passada, a moeda chegou ao segundo maior patamar da história, abaixo apenas do recorde de R$ 5,9007 registrado em 13 de maio de 2020. Em termos acumulados, o dólar apresenta queda de 1,48% na semana, alta de 0,03% no mês e ganho de 19,18% no ano.
Ibovespa e o Cenário Brasileiro
No mercado acionário, o índice Ibovespa também registrou alta de 1,87% na segunda-feira, fechando aos 130.515 pontos. Com o resultado, o índice acumulou uma valorização de 1,87% na semana, ganhos de 0,62% no mês, mas ainda exibe uma queda de 2,74% no ano.
Perspectivas de Mercado
Com as atenções voltadas para as eleições nos Estados Unidos, o mercado norte-americano está em compasso de espera, sem grandes divulgações econômicas no pregão de hoje. Especialistas entrevistados pelo portal G1 explicam que, embora tanto Harris quanto Trump possam influenciar a economia brasileira, uma vitória de Trump é vista como mais pressionadora para o câmbio, dada sua política protecionista, especialmente em relação ao comércio com a China. Segundo o consultor de comércio internacional Welber Barral, uma eventual sanção indireta de Trump contra a China, ao limitar o comércio de tecnologias acessíveis, pode afetar a balança comercial brasileira e pressionar o dólar ainda mais.
Expectativas para o Federal Reserve e Copom
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) realizará uma nova reunião na quinta-feira para definir as taxas de juros, atualmente entre 4,75% e 5,00% ao ano, após um corte de 0,50 ponto percentual em setembro. O mercado espera que o ciclo de cortes continue, com uma possível redução de 0,25 ponto percentual.
No Brasil, o governo federal realiza reuniões nesta terça-feira para discutir um pacote de cortes de gastos, em uma tentativa de atender às expectativas de ajuste fiscal. O Ministério da Fazenda informou que a Casa Civil deve convocar ministérios para discutir propostas de redução de despesas.
O mercado aguarda também a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, com expectativa de um possível aumento de até 0,50 ponto percentual, o que elevaria a taxa para 11,25% ao ano. Essa política de juros mais altos visa conter a inflação, que segue em tendência de alta. No Boletim Focus desta semana, a projeção de inflação subiu pela quinta vez consecutiva, com estimativas de 4,59% para o final de 2024, acima da meta de 3,00% estabelecida pelo Banco Central.
Os desdobramentos das eleições americanas e as decisões de política monetária no Brasil e nos EUA seguem como os principais fatores de influência no câmbio e nas expectativas econômicas globais.
Fonte: portaldoagronegocio